"Combinar direitos e tráfego livre de dados não é fácil"
14 de junho de 2021Numa saudação virtual aos participantes do DW Global Media Forum (GMF), a chanceler federal alemã, Angela Merkel, destacou a importância de se considerar o que a liberdade significa nas sociedades democráticas, em que se está aberto a novos desenvolvimentos, é necessário pensar cuidadosamente sobre "o que a liberdade realmente significa para nós e como vamos proteger as liberdades e os direitos fundamentais" e tematiza: "Como é que o nosso futuro digital vai ser moldado?"
"Muitas pessoas só conseguem envolver-se no debate público e comunicar amplamente o seu interesse e convencer graças à Internet. No entanto, seja no mundo digital ou analógico, a liberdade de opinião - como qualquer outro tipo de liberdade - odeia limites; e estes limites encontram-se onde as liberdades e direitos fundamentais dos outros são violados", disse Merkel.
A chanceler destacou que, quando as liberdades e os direitos fundamentais dos outros são violados, conseguir um equilíbrio entre a proteção dos direitos, por um lado, e o espaço livre para o tráfego de dados para inovações, por outro, é "tudo menos fácil".
O GMF deste ano reúne profissionais dos media e decisores de todo o mundo para debates sobre o tema "Rutura e Inovação". Além da chanceler Angela Merkel, o candidato a chanceler democrata-cristão (CDU), Armin Laschet, e a candidata do Partido Verde, Annalena Baerbock, também participarão no evento.
Assédio e perseguições
A 14ª edição do evento, que se realiza esta segunda e terça-feira (15.06) em Bona, analisa como o jornalismo se está a desenvolver numa era de desinformação e se há alguma forma de voltar atrás no caminho da verdade e da precisão.
O jornalista nigeriano Simon Kolawole concorda que as grandes plataformas sociais como Twitter e Facebook são uma faca de dois gumes para informação em massa. "As redes sociais podem ser usadas como uma força para o bem e para o mal".
Embora as grandes plataformas, como o Twitter e o Facebook, tenham ajudado muito na distribuição e amplificação de reportagens pelos meios de comunicação social profissionais, também proporcionaram o maior espaço para as multidões se reunirem e pontificarem".
Pressão para revelar fontes
A relatora especial das Nações Unidas para a Liberdade de Expressão, Irene Khan, teme pela vida dos jornalistas - especialmente das mulheres. A participante desta edição do GMF observou uma tendência preocupante.
"Com demasiada frequência, os jornalistas sofrem represálias pelo seu trabalho de investigação, e são muitas vezes obrigados a revelar as suas fontes - que depois também são frequentemente assediadas, atacadas, processadas", disse.
A romancista turco-britânica Elif Shafak, que também participa do fórum, também pondera sobre a liberdade de expressão nesta época de Internet e redes sociais.
"Vindo de um país como a Turquia, sei que as palavras podem ser pesadas por causa de algo que se diz numa entrevista. Por causa de algo que se escreve num livro, pode-se ser julgado, pode-se ser demonizado, pode-se ser atacado e visado nos meios de comunicação social", explicou à DW.