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Bruxelas recebe encontro sobre erradicação do ébola

Maria João Pinto / AP / Danielle Wellignon3 de março de 2015

A capital belga recebe hoje uma conferência de alto nível sobre o ébola na qual participam a Serra Leoa, a Libéria e a Guiné-Conacri. O objectivo é claro: encontrar uma estratégia para chegar a zero casos da doença.

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Foto: REUTERS/Baz Ratner

Além de representantes dos três países mais afetados pelo surto, na conferência internacional desta terça-feira (03.03) marcam presença membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, várias organizações não governamentais e mais de 80 delegações da África Ocidental e União Europeia (UE).

O objectivo é claro: encontrar uma estratégia para chegar aos zero casos de uma doença que já matou mais de nove mil pessoas e atingiu mais de 22 mil e 500. O encontro, que decorre sob o mote "Ébola, da emergência à recuperação", vai ainda avaliar a luta contra a epidemia e discutir o processo de recuperação nos países mais afectados.

"Esta é uma conferência muito importante para gerir aquilo que chamamos de transição. A primeira coisa a fazer é chegar aos zero casos", afirma Margaret Harris, porta-voz da OMS nas questões ligadas ao vírus do Ébola.

Além disso, defende, "é também necessário um compromisso com a reconstrução dos sistemas de saúde nos países afetados pelo ébola. Em alguns deles as pessoas não têm acesso a qualquer tratamento para além do vírus".

Mobilizar comunidade internacional

De acordo com a UE, o impacto económico da epidemia do ébola traduziu-se numa queda de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria.

Porém, a reunião em Bruxelas não é uma conferência de doadores. Em vez disso, pretende ser um encontro para analisar as ações já levadas a cabo e mobilizar a comunidade internacional para continuar a apoiar estes países na transição para a normalidade.

Margaret Chan, diretora-geral da OMS, já delineou uma linha de ação com vista a este objetivo.

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"A epidemia do ébola aponta para a necessidade de uma mudança urgente em três áreas principais: reconstruir e reforçar a capacidade de resposta nacional e internacional, definir a forma como os novos medicamentos são introduzidos no mercado e reforçar as operações da OMS durante situações de emergência."

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a expansão da doença nos três países mais afetados desceu para cerca de 10% daquilo que se verificava em setembro. No entanto, segundo os especialistas da ONU, a luta atingiu agora uma segunda fase, a mais difícil: atingir os zero casos.

"Não podemos aplicar o mesmo paradigma que aplicamos em crises humanitárias normais, em que ficamos satisfeitos se atingirmos os 80% de uma população em sofrimento. No caso do ébola, temos de chegar aos zero. Por isso, a última fase vai implicar um esforço maciço", afirma Claus Sorensen, diretor-geral do departamento de Ajuda Humanitária e Protecção Civil da Comissão Europeia.

A luta continua

O número de novos casos desceu de 800 a 900 por semana – no pico do surto – para cerca de 100 novas infecções semanais.

Ainda assim, Abu Bakarr Fofanah, ministro da Saúde da Serra Leoa, sublinha que, nesta altura, é importante não baixar os braços.

"Não podemos esquecer que os milhares de casos que registamos, incluindo milhares de mortes, resultaram de um único caso neste país. Até chegarmos a esse único caso, e depois disso, ao zero, e manter este registo durante 42 dias – até que a OMS nos declare livres do ébola – não pode haver espaço para complacência. A luta tem que continuar."

Ebola in Liberia ARCHIV September 2014
Serra Leoa (foto), Libéria e Guiné-Conacri são os três países mais afetados pelo surto de ébolaFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay