Número de infetados pelo Sida sobe em Angola
10 de julho de 2015A província de Benguela foi nesta quinta-feira palco da primeira denominada "Conferência Provincial Sobre a Mitigação do Impacto Social do VIH-SIDA". Sob iniciativa da Rede das Organizações da Sociedade Civil da Luta Contra o SIDA, foram convidados a participar do encontro as instituições do ensino médio, universidades e representantes das igrejas católica e evangélicas.
A intenção era congregar o maior número de instâncias, no sentido de se combater o flagelo do VIH-SIDA com maior eficácia e chamar a atenção sobre o perigo da pandemia.
Em entrevista à DW, sem apontar números, Castilho Singelo, coordenador provincial da Rede das Organizações da Luta Contra o SIDA, afirma que o quadro atual é bastante preocupante e alertou as autoridades governamentais para uma tomada de posição firme: "Caso contrário poder-se-á perder o controlo da situação".
Mais ações de combate são exigidas
Castilho Singelo alerta: "Se olharmos para os números não deixamos de ficar preocupados." Castilho explica que "é por essa razão que esta conferência chama várias personalidades, as igrejas, as instituições públicas e privadas, a própria sociedade civil, para que possamos refletir sobre este fenómeno que já atingiu níveis que necessitam de uma intervenção urgente, sistemática de toda a sociedade educativa."
O coordenador provincial de Benguela da Rede das Organizações da Luta Contra o SIDA falou ainda da necessidade de se reforçar o combate à descriminação das pessoas infetadas pelo SIDA. "As organizações da sociedade civil foram chamadas a reforçar as ações de aconselhamento, testagem, formação e educação para a mobilização da população". Seria também importante, segundo Castilho Singelo, combater a discriminação e clamar por uma "maior disponibilização de recursos financeiros para apoiar as iniciativas comunitárias nesse combate".
O papel das igrejas
Convidado a dissertar sobre as “implicações sociais do VIH-SIDA e a posição da igreja”, o evangelista João Guerra, da Igreja Católica, apresentou em resumo, o papel que a Igreja pode desempenhar na luta contra o SIDA. Ele recorda que "em muitos casos as igrejas estão no silêncio" e prossegue: "Não me lembro em muito tempo ter passado um mês numa paroquia ou por padres por onde passo, ouvi um padre ou pastor a falar todos os domingos sobre o SIDA. "
João Guerra diz ainda "Pessoas que se preocupam apenas com a organização da igreja e esquecemos que a igreja é o povo e este povo quando está atingido por uma epidemia não deixa margem a preocupação do pastor ou do padre para falarmos sobre o SIDA. Porque, de facto, hoje é uma ameaça completa."
O evangelista da Igreja Católica sublinha ainda que são várias as questões que concorrem para o alastramento do VIH-SIDA, e uma delas é, sem dúvida, a prostituição, acrescentando que, a mitigação da pandemia só será possível quando a sociedade estiver sensibilizada: "Os números são alarmantes, mas em tudo isso é se calhar o problema que está no problema da consciência do Homem. Nós temos uma Angola hoje que tem muita coisa que nós reconstruimos, mas faltou reconstruir uma coisa: a consciência do Homem."