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Número de infetados pelo Sida sobe em Angola

Nelson Sul D'Angola (Benguela)10 de julho de 2015

O impacto social do VIH-SIDA foi tema de debate na província de Benguela nesta quinta-feira (09.07.). Segundo dados oficiais, havia 3.496 seropositivos em 2014, número que aumentou no primeiro semestre do corrente ano.

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Foto: DW/N. Sul de Angola

A província de Benguela foi nesta quinta-feira palco da primeira denominada "Conferência Provincial Sobre a Mitigação do Impacto Social do VIH-SIDA". Sob iniciativa da Rede das Organizações da Sociedade Civil da Luta Contra o SIDA, foram convidados a participar do encontro as instituições do ensino médio, universidades e representantes das igrejas católica e evangélicas.

A intenção era congregar o maior número de instâncias, no sentido de se combater o flagelo do VIH-SIDA com maior eficácia e chamar a atenção sobre o perigo da pandemia.

Em entrevista à DW, sem apontar números, Castilho Singelo, coordenador provincial da Rede das Organizações da Luta Contra o SIDA, afirma que o quadro atual é bastante preocupante e alertou as autoridades governamentais para uma tomada de posição firme: "Caso contrário poder-se-á perder o controlo da situação".

Symbolbild AIDS Schleife auf schwarzem Hintergrund
As autoridades angolanas ainda estão a trabalhar para disponibilizar dados exatos mais recentes sobre a infeçãoFoto: picture-alliance/dpa

Mais ações de combate são exigidas

Castilho Singelo alerta: "Se olharmos para os números não deixamos de ficar preocupados." Castilho explica que "é por essa razão que esta conferência chama várias personalidades, as igrejas, as instituições públicas e privadas, a própria sociedade civil, para que possamos refletir sobre este fenómeno que já atingiu níveis que necessitam de uma intervenção urgente, sistemática de toda a sociedade educativa."

O coordenador provincial de Benguela da Rede das Organizações da Luta Contra o SIDA falou ainda da necessidade de se reforçar o combate à descriminação das pessoas infetadas pelo SIDA. "As organizações da sociedade civil foram chamadas a reforçar as ações de aconselhamento, testagem, formação e educação para a mobilização da população". Seria também importante, segundo Castilho Singelo, combater a discriminação e clamar por uma "maior disponibilização de recursos financeiros para apoiar as iniciativas comunitárias nesse combate".

Konferenz über HIV-AIDS in Benguela, Angola
Cartaz anunciando a conferência sobre o SIDA em Benguela, AngolaFoto: DW/N. Sul de Angola

O papel das igrejas

Convidado a dissertar sobre as “implicações sociais do VIH-SIDA e a posição da igreja”, o evangelista João Guerra, da Igreja Católica, apresentou em resumo, o papel que a Igreja pode desempenhar na luta contra o SIDA. Ele recorda que "em muitos casos as igrejas estão no silêncio" e prossegue: "Não me lembro em muito tempo ter passado um mês numa paroquia ou por padres por onde passo, ouvi um padre ou pastor a falar todos os domingos sobre o SIDA. "

João Guerra diz ainda "Pessoas que se preocupam apenas com a organização da igreja e esquecemos que a igreja é o povo e este povo quando está atingido por uma epidemia não deixa margem a preocupação do pastor ou do padre para falarmos sobre o SIDA. Porque, de facto, hoje é uma ameaça completa."

O evangelista da Igreja Católica sublinha ainda que são várias as questões que concorrem para o alastramento do VIH-SIDA, e uma delas é, sem dúvida, a prostituição, acrescentando que, a mitigação da pandemia só será possível quando a sociedade estiver sensibilizada: "Os números são alarmantes, mas em tudo isso é se calhar o problema que está no problema da consciência do Homem. Nós temos uma Angola hoje que tem muita coisa que nós reconstruimos, mas faltou reconstruir uma coisa: a consciência do Homem."

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