Conflito em Gaza deve "parar imediatamente", diz Guterres
16 de maio de 2021"O conflito deve parar, deve parar imediatamente", disse Guterres ao abrir uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidos convocada em caráter de urgência este domingo (16.05).
"Isso tem o potencial de desencadear uma crise de segurança e humanitária incontrolável e de fomentar ainda mais o extremismo, não apenas no território palestino ocupado e em Israel, mas na região como um todo", afirmou.
"O único caminho a seguir é retornar às negociações com o objetivo de dois Estados, vivendo lado a lado em paz, segurança e reconhecimento mútuo, tendo Jerusalém como a capital de ambos os Estados, com base nas resoluções pertinentes da ONU, direito internacional e acordos prévios", acrescentou o secretário-geral da ONU.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu aos membros do Conselho que "exerçam influência máxima para acabar com as hostilidades entre Israel e Gaza". "As populações de Gaza e de Israel enfrentam o mais intenso ciclo de hostilidades registado em anos", refere o comunicado.
"Crime contra humanidade"
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, acusou Israel de "crimes de guerra" perante o Conselho de Segurança da ONU, denunciando a "agressão" contra o povo palestiniano e os seus lugares sagrados.
"Alguns não querem usar essas palavras - crimes de guerra e crimes contra a humanidade -, mas sabem que é a verdade", disse.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelita assegurou que a campanha militar contra o Hamas na Faixa de Gaza vai continuar "com força total" e que demorará tempo a terminar.
Numa declaração na televisão israelita, Benjamin Netanyahu afirmou que Israel quer que o Hamas "pague um preço elevado" e argumentou que o objetivo é "devolver paz, segurança e dissuasão" após quase uma semana de combates.
Dia mais sangrento
Este domingo ficou marcado como o dia mais sangrento do confronto entre israelenses e palestinianos na Faixa de Gaza, iniciado há seis dias. Mais de 40 palestinianos foram mortos vítimas de bombardeamentos lançados por Israel.
Os confrontos iniciados entre o Hamas e o Governo em Jerusalém na passada segunda-feira (10.05) são os maios violentos na região desde 2014. São pelo menos 192 mortos, incluindo mais de 50 crianças em Gaza, e dez vítimas em Israel.
No sábado (15.05), o secretário-geral da ONU manifestou-se "consternado" com o número crescente de baixas civis, incluindo dez membros da mesma família mortos num ataque aéreo israelita ao campo de al-Shati, em Gaza.
Segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres está também "profundamente preocupado" com a destruição por um ataque aéreo israelita de um edifício na cidade de Gaza que albergava os escritórios de várias organizações internacionais de comunicação social, bem como apartamentos residenciais.
Entre esses meios de comunicação social encontra-se a agência norte-americana Associated Press, cujo diretor, Gary Pruitt, afirmou numa declaração que uma "terrível perda de vidas foi evitada através da evacuação dos seus trabalhadores a tempo".
De acordo com o exército israelita, o edifício "continha equipamentos pertencentes à inteligência militar" do movimento islâmico Hamas.
Disparos a partir de Gaza
Cerca de 3.000 'rockets' foram disparados a partir da Faixa de Gaza para Israel desde o início dos atuais confrontos, o maior ritmo de sempre, afirmou o exército israelita.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), trata-se do ritmo mais elevado de disparos vindo de Gaza.
Os números atuais do confronto com o Hamas superam o de uma escalada em 2019 e da guerra de 2006 contra o grupo extremista Hezbollah.