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Congoleses tentam comprar comida e fazer negócio em Angola

Borralho Ndomba (Luvo)
5 de janeiro de 2019

Os produtos da cesta básica de Angola continuam a atrair cidadãos da República Democrática do Congo (RDC) que todas as semanas se dirigem ao posto fronteiriço do Luvo, na província do Zaire, para fazer compras.

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Angola, Luvo
Foto: DW/B. Ndomba

O mercado do posto fronteiriço do Luvo funciona semanalmente de forma intercalada. Sábado é o dia oficial das trocas comerciais na feira e os portões da fronteira abrem às oito horas da manhã. Os camiões com as mercadorias chegam antes, à quarta-feira, a tempo de resolver questões relacionadas com a alfândega.

Angola, Luvo
Centenas de pessoas tentam fazer negócio em Luvo, face à escassez de produtos de primeira necessidade na República Democrática do CongoFoto: DW/B. Ndomba

A DW esteve na zona de comércio no dia em que a praça esteve do lado da RDC. Camiões e motorizadas seguem para este país vizinho carregados de produtos da cesta básica: arroz, óleo vegetal, açúcar, farinha e peixe.

O congolês Kalongo Jean vende roupa no Luvo há mais de cinco anos. O comerciante diz que encontrou uma oportunidade de negócio no posto fronteiriço, mas ultimamente as vendas baixaram. "As nossas vendas reduziram porque os clientes estão com dificuldades devido à crise. Mesmo assim estamos a resistir, dormindo aqui na barraca. Estou aqui há um mês porque o Congo está mesmo mal e nós estamos a safar-nos aqui", disse.

Revender em Kinshasa

Com o dinheiro da venda da roupa, Kalongo Jean compra produtos da cesta básica de Angola para a esposa revender em Kinshasa, capital da RDC. "Depois de vendermos os vestuários, compramos alimentos como óleo, arroz, leite, feijão e açúcar para consumo e também para revender. Também compro outras peças de roupa para vender aqui", explicou o congolês.

Congoleses tentam comprar comida e fazer negócio em Angola

O vendedor de rádios e acessórios de telemóveis Kamis afirma que os preços altos dos produtos estão a dificultar a vida dos comerciantes da RDC. "As coisas estão difíceis agora. O preço da taxa de travessia aumentou e o dos produtos também está a subir cada vez mais. Vendo rádios que compro em Kinshasa, mas também compro o que vem de Angola e revendo mesmo aqui na fronteira. O negócio rende-me 500 ou 1000 francos congoleses", cerca de 0,26 ou 0,54 euros, lamenta Kamis, que espera que os produtos fiquem mais baratos para que os seus lucros aumentem.

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Angola, Luvo
Em 2016, o Governo angolano colocou restrições à exportação de produtos de primeira necessidadeFoto: DW/B. Ndomba

Angola é quem mais lucra com as trocas comerciais no mercado transfronteiriço do Luvo por causa das grandes quantidades de produtos que saem do território angolano, lembra o comerciante Pedro dos Santos. "Quando o mercado está aqui no nosso lado, os congoleses vêm vender telefones, panos, plásticos e tigelas térmicas. De Angola sai muita coisa. Sai comida e bebidas", afirmou.

Muitos angolanos como Pedro dos Santos compram as mercadorias nas grandes superfícies comerciais de Luanda. "Compro a mercadoria na zona da Estalagem, no município de Viana. Lá compro feijão para revender aqui. Chego aqui quinta-feira e volto no sábado", relata.

A maior parte dos produtos da cesta básica que são vendidos no Luvo não podem ser exportados, segundo um decreto presidencial de 2016. Ainda assim, o contrabando é frequente.

Recentemente, as autoridades angolanas confiscaram quantidades consideráveis de produtos alimentares que estavam a ser levados para a RDC através do posto fronteiriço do Luvo.

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