Congresso da RENAMO na Zambézia arranca em clima de tensão
15 de maio de 2024O sétimo congresso da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) arranca esta quarta-feira (15.05) na província da Zambézia e em clima de tensão.
Venâncio Mondlane foi excluído da corrida à presidência da RENAMO e também não participará do congresso, "O senhor Venâncio Mondlane não reuniou os requisitos, isto é, não foi eleito para participar do congresso, há um perfil aprovado pelo Conselho Nacional e ele não se encaixa neste perfil, logo não pode concorrer como candidato a presidente do partido fora destes pressupostos", afirmou o porta-voz do partido, José Manteigas.
"Podia vir como um convidado mas o partido é soberano para convidar quem quer. Se nós por exemplo como partido RENAMO não quisésseos que a rádio DW viesse para aqui, eu não iria formular o convite."
Até agora, há dúvidas sobre se o congresso da RENAMO decorrerá sem tumultos. A segurança está reforçada e será garantida por antigos guerrilheiros da RENAMO - desde a porta do recinto até a tenda gigante montada no pátio de um estabelecimento comercial dentro da vila de Alto Molócuè, porque há rumores de que um grupo de membros descontentes do partido possa invadir o local.
Na terça-feira (14.05), vários jornalistas tentaram captar imagens do local, mas foram barrados pelos seguranças. O mesmo acontecerá com Venâncio Mondlane, caso queira estar presente nesta reunião.
Venâncio Mondlane insiste na candidatura
Em entrevista à DW, Mondlane afirma que participará do congresso e insiste na candidatura à liderança da RENAMO. "O gabinete de preparação de congresso fez uma notificação a dizer que havia três elementos em falta nos requisitos. Um dos elementos eram os 15 anos de militância. O outro tinha a ver com os cargos que eu assumi no partido, que nenhum deles constava no perfil. Por último, dizia que não consegui comprovar as cotas regularizadas", relata.
"Eu já fui conselheiro do presidente e isso não faz sentido. Em relação às cotas, eu paguei por cinco anos, paguei cotas adiantadas de 2020 até ao fim de mandato de 2025, nós estamos em maio, mas eu paguei até junho", justificou ainda o deputado.
O político aguarda agora a avaliação do seu requerimento: "Se o Conselho Nacional de Jurisdição e o gabinete de preparação do congresso indiferirem o meu requerimento, a única coisa que me resta é fazer apelo ao plenário do congresso."
Se Venâncio Mondlane incorporar a lista dos candidatos à presidência da RENAMO, embora haja poucas possibilidades, no total serão nove os concorrentes à liderança da RENAMO e a candidato à presidência da República nas eleições de 9 de outubro.
De acordo com José Manteigas, oito candidatos já se encontram em Alto Molocué, nomeadamente o atual líder Ossufo Momade, Elias Dhlakama, Alfredo Magumisse, Ivone Soares, Juliano Picardo, Hermínio Morais, Salvador Murema e Anselmo Victor.
Onda de protestos na Zambézia
Desde a semana passada, há uma onda de protestos na Zambézia, algumas pró e outras contra a candidatura de Ossufo Momade.
A mais recente manifestação ocorreu no dia 5 do mês em curso, quando um grupo de jovens que marchavam por ocasião do dia da Liga da Juventude do partido se revoltou contra a atual liderança da RENAMO.
"Ossufo não, não queremos. Nós marchamos 45 dias, não vimos Ossufo por aqui. Se querem votar no Ossufo, nós vamos sair da RENAMO", prometeram.
Segundo o analista Bruno Mendiante, Ossufo Momade leva vantagem entre os candidatos à presidência da República e do partido já divulgados, porque controla o grupo que vai eleger o novo líder da RENAMO neste congresso. "Tudo foi feito para evitar que candidatos com maior pujança em relação a Ossufo Momade fizessem parte do grupo de indivíduos interessados ou elegíveis para a presença do partido", afirma.
Ainda que haja "alas mais fortes" do ponto de vista de influência, acrescenta, "é aquele grupo mais próximo ao atual líder do partido" Ossufo Momade, que "também está a fazer a sua luta para ver se continua na liderança do partido. Ele está em vantagem porque tem o controlo de tudo", conclui o analista.