Congresso da UNITA em ambiente de crise
13 de dezembro de 2011A previsão é de que o décimo primeiro congresso da UNITA venha a trazer mudanças, embora poucos acreditem nisso. Um deles é Celso Malavoloneque, jornalista e analista político: "Tudo indica que estamos perante uma encenação, o que é lamentável, sobretudo porque parece que a UNITA, e principalmente a sua liderança, está a perder a noção do ridículo."
Este é o terceiro congresso desde que terminou a guerra civil em Angola, entre 1975 e 2002, e o movimento foi obrigado a transformar-se numa formação civil. As eleições que se avizinham no país agitam, entretanto, este partido. Os desafios eleitorais e a busca de uma liderança forte e alternativa aos 32 anos de hegemonia do MPLA animam este congresso que decorre durante quatro dias nos arredores da capital, Luanda.
Este congresso, segundo os críticos do atual presidente do partido, Isaías Samakuva, vai servir para legitimar o seu terceiro mandato, pois concorre apenas contra um outro militante, José Pedro Kachiungo, pouco conhecido no seio da maioria dos militantes da UNITA e do resto dos angolanos.
Até ao momento a campanha eleitoral no partido apenas teve um alto momento, com um frente a frente na imprensa. Isaías Samakuva, formado em diplomacia, é o atual presidente da UNITA.
Afastamento de potenciais concorrentes
José Pedro Kachiungo, professor universitário na área das engenharias e antigo quadro do braço da inteligência do seu partido, é o candidato descrito como o da mudança.
Mas, uma das grandes questões foi uma alegada posição da atual liderança em colocar de parte, internamente, a possibilidade dos críticos ao atual presidente participarem no congresso, como são os casos dos carismáticos políticos, Abel Chivukuvuku e Lukamba Paulo, também conhecido por “Gato”.
O analista político Celso Malavoloneque, não vê com bons olhos estes afastamentos: " Toda essa jogada que levou os pesos pesados, como Abel Chivukuvuku e Pedro Lukamba "Gato", a afastarem-se desse processo não é bom. Isto, como dizem as más línguas, é um tipo de situação que podia ficar bem a assessoria típica que Isaias Samakuva tem."
A UNITA, teve uma queda vertiginosa no seu impacto, com a conquista de apenas 16 lugares no parlamento contra os 70 que possuía ate 2008. Na abertura do congresso Isaias Samakuva apelou à unidade interna, com vista às eleições gerais de 2012. O presidente cessante da UNITA destacou, em relação a este escrutínio, a necessidade do seu partido estar preparado para governar. O grande embate entre Samakuva e Cachiungo acontece na sexta-feira (16.12) de manhã.
Entretanto, o congresso começou com a ausência de alguns convidados oriundos da América e da Europa. Essas pessoas foram vítimas de alegado excesso de burocracia para a obtenção de vistos para a sua entrada em Luanda.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: Nádia Issufo/ António Rocha