O sucesso da "Operação Tronco"
9 de março de 2017A "Operação Tronco" foi lançada em simultâneo em seis províncias moçambicanas, incluindo em Sofala. Esta semana, uma brigada do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural fechou dois estaleiros e apreendeu centenas de metros cúbicos de madeira nesta província do centro do país.
A diretora de planificação e cooperação no Ministério, Yolanda Gonçalves, conta mais sobre a ação: "Visitámos vinte e três estaleiros, intercedemos vários camiões com madeira em toros. Até agora foram penalizados por uma multa de cinco milhões de meticais e foram também aprendidas madeiras em cerca de 1700 metros cúbicos de madeira em toros."
Cinco milhões de meticais, o equivalente a cerca de 69 mil euros, é a multa que várias empresas madeireiras terão de pagar por falta de documentos e depois de as autoridades terem encontrado árvores que foram cortadas com um diâmetro abaixo do recomendado.
Os velhos entraves
O ambientalista moçambicano Hortênsio Lopes aplaude a iniciativa das autoridades, mas pede mais. Ele recorda que "a fiscalização é que é um grande problema em Moçambique, tomando em conta que […] há poucos fiscais."
E o ambientalista cita a lista de dificuldades: "Temos cerca de trezentos e um fiscais ao nível de todo o país. Isso é muito pouco para uma área vasta como de Moçambique. Há um fiscal para cada cinquenta quilómetros, isso é impossível. Também a fiscalização como tal também está fraca […] Ao nível da cidade de Maputo, só temos três viaturas e cinco motorizadas; em Sofala, por exemplo, só temos duas viaturas para fiscais."
Hortênsio Lopes, que é o diretor-executivo da organização ambientalista "Livaningo", diz ainda que o Governo tem de insistir mais no combate à corrupção.
Segundo o ambientalista, "adoptou-se o sistema de se montar fiscais fixos, que são colocados em alguns pontos, mas, mesmo assim, isto acaba não sendo eficiente porque estes facilmente são corrompidos. É preciso notar que isto é uma grande rede e, normalmente, os camionistas, quando chegam aos postos de fiscalização, os fiscais exigem a documentação e, quando não têm, normalmente o motorista liga para o dono da madeira e este instrui o fiscal no sentido de fazer passar".
O problema do abate ilegal de madeira já dura há muito tempo. Em 2015, algumas empresas, como a Hand Chiang e a Tian Hai, foram proibidas por algum tempo de operar no sector por não observarem as regras de exploração e comercialização da madeira.