Ouattara destaca papel de Sissoco na libertação de soldados
8 de janeiro de 2023Os 46 soldados marfinenses libertados no sábado foram acusados pela Junta Militar no poder no Mali de serem mercenários e de estarem a preparar um atentado em Bamako.
Após os esforços internacionais, inclusive do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, os 46 soldados, que tinham sido condenados à pena de prisão de 20 anos, foram agraciados no sábado.
Em jeito de agradecimento, o Presidente da Costa do Marfim não se esqueceu "dos esforços do irmão mais novo".
"Saúdo igualmente o meu irmão mais novo, o Presidente Embaló, presidente em exercício da CEDEAO, que não poupou esforços para mobilizar a CEDEAO, a União Africana e o mundo inteiro para o regresso dos nossos soldados à Costa de Marfim", disse Alassane Ouattara.
Os soldados faziam parte de um contingente de militares internacionais deslocados para o Mali no quadro de proteção da missão de estabilização das Nações Unidas naquele país.
Na qualidade de presidente em exercício da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), Umaro Sissoco Embaló empenhou-se pessoalmente na libertação dos soldados marfinenses.
O Presidente marfinense agradeceu igualmente a todos os chefes de Estado africanos "que se implicaram", o que, disse, levou a que "a incompreensão fosse ultrapassada".
"Saúdo igualmente o secretário-geral das Nações Unidas que se interessou por esta questão dos nossos soldados, trazendo a clarificação necessária", afirmou Ouattara perante dignitários marfinenses e os próprios soldados libertados.
Normalizar relações com o Mali após regresso de soldados
Os soldados, vestidos com uniformes militares, saíram um a um brandindo uma pequena bandeira da Costa do Marfim, e foram recebidos fora do avião pelo Presidente, Alassane Ouattara.
Seguiu-se imediatamente uma cerimónia na presença dos soldados, das famílias e das mais altas autoridades do Estado e do exército, durante a qual Alassane Ouattara disse que queria "retomar relações normais" com o Mali.
"Obviamente, agora que esta crise já passou, seremos capazes de retomar relações normais com o país irmão do Mali, que precisa de nós e que nós também precisamos", afirmou.
A libertação dos soldados tinha sido exigida desde o início pela Costa do Marfim, que, juntamente com as Nações Unidas, disse que iria ajudar a garantir a segurança ao contingente alemão de forças de manutenção da paz no Mali, atingido pela violência.
O caso causou uma grande tensão entre dois países vizinhos com relações já complicadas: o Mali tinha acusado a Costa do Marfim de ter incitado os seus parceiros da África Ocidental a endurecer as sanções contra os autores militares de dois golpes de Estado, em agosto de 2020 e maio de 2021, sanções essas finalmente levantadas em julho.