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Covid-19: Angola admite recuar no desconfinamento

Lusa | tms
6 de julho de 2020

Governo angolano está "preocupado com a alta mortalidade" da Covid-19 no país e garante que vai adotar mais medidas para conter a propagação da doença. Reinício das aulas, previsto para 13 de julho, deve ser suspenso.

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Foto: DW/P. Borralho

"Estamos a fazer uma avaliação profunda das medidas atuais e provavelmente podemos ter de tomar outras para controlar esta cadeia de transmissão", afirmou a ministra da Saúde Silvia Lutukuta durante uma conferência de imprensa em Luanda, este domingo (05.07), mostrando-se preocupada com o elevado "incumprimento" dos cidadãos.  

Na conferência de imprena, Angola anunciou o seu 353.º caso de infeção, com um aumento de sete novos casos entre sábado e domingo, tendo registado um rápido aumento do número de infetados nas últimas quatro semanas.     

Horários de restaurantes, mas também as práticas de exercício físico ao ar livre poderão ter mais restrições, admitiu a ministra, indicando que vão ser tomadas "medidas legais" na próxima semana para demover determinadas práticas, sem especificar quais.

Angola | Gesundheitsministerin Silvia Lutucuta
Silvia Lutukuta, ministra da Saúde de AngolaFoto: DW/A. Domingos

Reinício das aulas

Quanto ao setor da educação que "está a fazer o seu trabalho de casa" pode também vir a recuar no que diz respeito ao reinício das atividades letivas. "Como dissemos vamos recuar em algumas coisas e provavelmente esta é uma delas", afirmou Silvia Lutukuta, sublinhando que o objetivo é cortar a cadeia de transmissão e continuar a proteger os angolanos.  

As aulas no ensino geral e universitário em Angola foram suspensas em março, antes do Presidente angolano, João Lourenço, declarar estado de emergência, que decorreu entre 27 de março e 25 de maio, tendo-se sucedido a 26 de maio a situação de calamidade pública.  

O decreto que determina a calamidade pública prevê o reinício da atividade no ensino superior e no segundo ciclo do ensino secundário a partir de 13 de julho embora "dependente da evolução da situação epidemiológica".

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Cerca sanitária

A ministra da Saúde também não excluiu a possibilidade de levantar uma cerca sanitária na província do Cuanza Norte, que é a par de Luanda, o epicentro da epidemia, a única província angolana com casos de Covid-19.

Silvia Lutukuta assumiu também que o Governo está "preocupado com a alta mortalidade" que se regista no país (19 óbitos), mas garantiu que está reunida "toda a capacidade técnica" e está a ser cumprido "o que está estabelecido nos protocolos internacionais".

Por outro lado, a ministra acrescentou que muitos doentes têm comorbilidades associadas e chegam aos hospitais já com paragens respiratórias, em estado crítico ou até mortos. Mas "temos doentes críticos que estiveram ventilados e recuperaram", complementou.

Silvia Lutukuta indicou ainda que o Governo tem criado boas condições de internamento e que a capacidade não está excedida. "O hospital de campanha que está na Zona Económica Especial não está cheio, tem capacidade de 500 camas e temos um total de 353 casos", exemplificou, adiantando que existem mais locais de internamento.

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A ministra assinalou também que a capacidade de testagem tem aumentado pelo que vai existir "maior rotatividade nas quarentenas institucionais", a que são submetidos os viajantes e casos suspeitos.  

Doações de materiais

A ministra da Saúde afirmou ainda que o Estado investiu cerca de 43 mil milhões de kwanzas (65 milhões de euros) em materiais de biosegurança, incluindo 544 toneladas adquiridas à China, sendo as doações inferiores a 50 toneladas.  

"As doações são inferiores a 10% do que o Estado adquiriu, não chegam a 50 toneladas", afirmou Silvia Lutukuta numa conferência de imprensa em Luanda onde fez o balanço epidemiológico diário da Covid-19.  

A ministra, que reagiu irritada à pergunta de uma jornalista sobre suspeitas de corrupção relacionadas com aquisição de materiais de biossegurança, garantiu que foram procurados os "mercados mais competitivos" e os melhores preços.

"Temos procurado mercados mais competitivos e, por isso, fomos à China comprar muitos destes meios", destacou, afirmando sentir-se "ofendida" e que os membros da comissão interministerial para prevenção e combate à Covid-19 iriam também sentir-se dessa forma.  

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