Cabo Verde deixa, para já, vacina da AstraZeneca de lado
16 de março de 2021Numa nota divulgada pelo ministro da saúde, Arlindo do Rosário explica que "manda o princípio da precaução que as dúvidas levantadas sejam totalmente esclarecidas", relativamente às vacinas da AstraZeneca, das quais Cabo Verde já tem 24.000 doses para administrar.
"No dia 19 [de março], tal como previsto, iniciaremos a vacinação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate ao SARS-CoV-2 com a vacina da Pfizer", anunciou.
Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca a 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois. O Governo assume a meta de vacinar 70% da população até final do ano.
Estas doses inserem-se num total de 108 mil a fornecer pela AstraZeneca ao abrigo da Covax, iniciativa fundada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.
Contudo, nos últimos dias têm surgido suspeitas de alegados efeitos secundários da vacina da AstraZeneca, que levaram vários países a suspender o seu uso.
Decisão ponderada e responsável
Enquanto aguarda a clarificação sobre a segurança da vacina do fabricante anglo-sueco, Arlindo do Rosário explica que o Ministério da Saúde, em articulação com a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) "irão acompanhar de perto o evoluir da situação" e "fazer as devidas recomendações ao Governo por forma a permitir uma decisão devidamente ponderada e responsável antes de se iniciar com a aplicação da vacina".
O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pediu na segunda-feira (15.03) a confiança da população no processo de vacinação contra a covid-19, recordando que a OMS o considera seguro e eficiente.
"A postura de princípio é confiar e esperar que a vacinação decorra bem", afirmou Jorge Carlos Fonseca em declarações durante a visita ao Hospital Baptista de Sousa, onde se inteirou da evolução da pandemia na ilha de São Vicente, norte do arquipélago.
"Como eu não sou especialista de saúde, apesar de ser Presidente da República, eu acho que todos os cidadãos devem ter uma postura de princípio. A postura de princípio é ter confiança nas autoridades sanitárias, isso é fundamental", reagiu o chefe de Estado.
Confiar na diretivas
Para Jorge Carlos Fonseca, a "atitude de princípio" passa por reconhecer a idoneidade da OMS neste processo.
"Se a OMS diz que as vacinas são importantes, se o Ministério da Saúde diz que é importante, se por todo o lado se diz que as vacinas são importantes, confiamos nas autoridades, nas instruções, nas diretivas", afirmou.
"Ninguém de bom senso pode imaginar que uma organização como a OMS, a maior autoridade de saúde a nível mundial, diz que a vacina é eficiente, boa, é segura, e eu, que sou um leigo, questiono por dúvidas de uma outra informação", apontou, a propósito dos crescentes comentários da sociedade cabo-verdiana, sobretudo nas redes sociais, questionando o uso da vacina da AstraZeneca por Cabo Verde.
Para Jorge Carlos Fonseca, o início da vacinação em Cabo Verde "é uma boa nova", para todos "sem exceção".
O plano nacional de introdução e vacinação contra a Covid-19 em Cabo Verde, prioriza, além de profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.
Para o efeito, segundo o plano, "será necessária a aquisição de 267.293 doses" da vacina para a população alvo prioritária, num total de 111.372 pessoas.