Covid-19: Guiné-Bissau com 39 casos confirmados
11 de abril de 2020As autoridades da Guiné-Bissau afirmaram que o desrespeito das medidas de confinamento social por parte de alguns doentes infetados com covid-19 originou o alastramento do novo coronavírus.
Em declarações aos jornalistas, António Deuna, ministro da Saúde do Governo de Nuno Nabian, nomeado primeiro-ministro por Umaro Sissoco Embaló, que preside atualmente a Guiné-Bissau, afirmou que algumas pessoas infetadas pela covid-19 recusaram acatar a ordem de ficarem nas suas residências e não se misturarem com outras pessoas da família ou do bairro.
"Essas pessoas saíram das suas casas, tiveram contactos com outras pessoas e isso fez com que a doença alastrasse e hoje chegamos ao número de 38 doentes", observou.
António Deuna assinalou que o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) manda que os doentes que não apresentem um quadro grave continuem nas suas residências, desde que utilizem máscaras de proteção e não se misturem com os não infetados.
Pessoas com Covid-19 em casa
As pessoas infetadas na Guiné-Bissau estão todas a receber assistência médica e a recuperar em casa.
Mas, adiantou António Deuna, se for preciso, existem 40 camas no hospital Simão Mendes, em Bissau, 20 no hospital de Cumura e 15 no hospital pediátrico de Bôr, estas duas unidades pertencentes à igreja católica.
E se for ainda necessário, o Governo do primeiro-ministro Nuno Nabian admite a possibilidade de requisitar hotéis em Bissau para internamento de doentes de covid-19, referiu António Deuna, sublinhando ser prática comum em outros países.
Número de casos sobe para 39
Segundo o médico Tumane Baldé, do Centro Operacional de Emergência em Saúde, das últimas análises realizadas uma deu positivo, elevando para 39 os casos registados. "Trata-se de uma mulher de 45 anos da cidade de Canchungo", especificou Tumane Baldé.
A Guiné-Bissau tem, até ao momento, 39 casos registados, quatro dos quais na cidade de Canchungo, região de Cacheu, e 35 no setor autónomo de Bissau, mantendo-se o número de três recuperados da doença. "A mensagem que mandamos aos nossos cidadãos é para fazerem um esforço e ficarem em casa e ouvirem as recomendações das autoridades de saúde. Saíam de casa só para o indispensável e utilizem máscara", salientou Tumane Baldé.
O médico pediu também aos guineenses para serem solidários uns com os outros e que o Governo vai ajudar as famílias mais carenciadas.
Aladje Baldé nomeado comissário para o combate à doença
Entretanto, as autoridades guineenses nomearam Aladje Baldé, reitor da universidade Jean Piaget de Bissau, alto-comissário para o combate ao novo coronavírus, e o académico prometeu que vai trabalhar para que as pessoas sejam diagnosticadas e tratadas.
"A minha função é garantir que qualquer pessoa que tenha este problema, que teve contacto com alguém que tenha esse problema, seja diagnosticada e se for positivo isolada e tratada", disse Aladje Baldé, em declarações à agência Lusa.
O alto-comissário para a covid-19 enfatizou que a sua tarefa principal "é garantir que a máquina funcione", nomeadamente os laboratórios de análises clínicas, tanto em Bissau, como os do interior do país, que, frisou, ainda não estão em funcionamento.
Aladje Baldé, de 55 anos, doutorado em biotecnologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, anunciou à Lusa que "muito brevemente" vai trabalhar para que os laboratórios de Buba, Bafatá, Canchungo e Mansoa comecem a fazer exames.
Guiné-Bissau faz até 50 amostras por dia
O alto-comissário contra a covid-19 disse, no entanto, que até ao momento o laboratório nacional da Saúde Pública em Bissau tem capacidade de resposta, por estar a receber diariamente até 50 amostras, quando tem condições para testar de uma única vez 94 amostras a cada cinco horas.
Dada a sua formação em biotecnologia, Aladje Baldé liderou a equipa guineense que produziu no laboratório de Bissau alguns componentes que estavam em falta para proceder às análises clínicas.
"Qualquer pessoa formada em biotecnologia está habilitada para fabricar esses reagentes que estavam em falta", declarou Aladje Baldé, sublinhando que a sua fórmula foi partilhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com outros países africanos em dificuldades da mesma natureza.
No âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades guineenses declararam o estado de emergência, bem como o encerramento das fronteiras aéreas, terrestres e marítimas na Guiné-Bissau, medidas que foram acompanhadas de uma série de outras restrições à semelhança do que está a acontecer em vários países do mundo.
Uma das restrições só permite que as pessoas circulem entre 07:00 e as 11:00 locais (tempo universal).