1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Covid-19: Famílias de Inhambane temem "morrer à fome"

23 de abril de 2020

Em Moçambique, o confinamento para conter a Covid-19 está a causar fome na província de Inhambane. Muitas pessoas temem não ter comida suficiente, por não poderem trabalhar. Há quem já não consiga comprar arroz.

https://p.dw.com/p/3bKWG
(Fotografia de arquivo)Foto: DW/Luciano da Conceicao

Depois do Presidente da República decretar o estado de emergência em Moçambique, muitas pessoas foram obrigadas a ficar em casa sem poderem exercer as atividades que lhes dão sustento a cada dia.

Aurora Simão, mãe de dois filhos no distrito de Jangamo, conta que os contratos dela e do marido foram suspensos nas empresas onde trabalham. Quase um mês depois do início do estado de emergência, a comida que tinham comprado já está quase no fim.

"Agora não vou ao serviço por causa do coronavírus. Não há comida suficiente. Vou sofrer porque o meu marido não vai ao serviço e estamos aqui em casa. Desejo que esta doença passe", diz em entrevista à DW África.

Com o aumento dos casos positivos do novo coronavírus em Moçambique, o estado de emergência pode ser prolongado. E isso faz com que aumentem ainda mais as preocupações dos cidadãos.

Escassez de arroz

Nataniel António, residente da cidade de Maxixe, sobrevive trabalhando para terceiros, mas, desde que foi decretado o confinamento obrigatório, não tem rendimentos suficientes para sustentar os quatro filhos e a esposa.

"Dependo de biscates. Não é fácil comprar arroz. Já começo a dar falta [de arroz]. Quando acabar, não há maneira, só hei-de morrer à fome".

Moçambique: Os muitos problemas da crise de Covid-19

Elsa Anuário, residente em Inhambane, também teme passar mal se o estado de emergência for prolongado. Deixou de trabalhar como empregada doméstica numa residência por causa do confinamento e não tem dinheiro para comprar comida. Diz ter "medo do coronavírus". Sem arroz, está a sobreviver de tapioca misturada com verduras ou matapa.

"Vou ficar mal mesmo, porque não tenho dinheiro. Estou fechada porque a doença está a continuar. Estou a ficar com as minhas crianças. Não tenho maneira, porque não trabalho", afirma Elsa.

Adozinda Azevedo, mãe de cinco filhos, alerta igualmente que o confinamento está a causar problemas graves de alimentação nas famílias: "Só morrer com fome, não há como..."

O governo provincial não avançou se poderá dar alimentos às famílias nesta época de confinamento obrigatório.

Estudo online é difícil

Sheila João, aluna da 11ª classe no distrito de Homoine, em Inhambane, disse à DW que, durante este período de isolamento social, não tem só problemas de falta de comida em casa - também tem sido muito difícil estudar pela Internet, porque não tem os meios para isso.

"Os outros [colegas] estão a estudar online, os professores estão a mandar os trabalhos, mas eu não tenho WhatsApp".

Saltar a secção Mais sobre este tema