Covid-19: Moçambique vai iniciar vacinação em julho
4 de janeiro de 2021"A previsão de chegada da vacina a Moçambique está entre os meses de maio e junho, o que quer dizer que a partir de julho ou finais de junho, num cenário mais otimista, começaríamos a vacinar", disse o ministro da Saúde, Armindo Tiago, em entrevista à Rádio Moçambique.
Sem avançar quais são, Armindo Tiago disse que o Ministério da Saúde e o Governo já definiram os grupos prioritários, alertando que a vacina "não deve ser vista como algo que vai resolver todos os problemas".
"Primeiro é preciso ter em conta que a vacina é uma medida complementar às providências atualmente em vigor contra a Covid-19", frisou.
Dois milhões de doses
Moçambique espera receber a vacina através do programa de vacinação da iniciativa Covax, lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que prevê distribuir, pelo menos, dois mil milhões de doses até ao final de 2021 de forma a imunizar 20% das pessoas mais vulneráveis em 91 países pobres, principalmente em África, na Ásia e na América Latina.
"Esta iniciativa vai permitir que possamos ter uma vacina segura, pré-qualificada pela OMS e que possa chegar ao país de forma gratuita", explicou o ministro moçambicano.
Segundo Armindo Tiago, o país espera receber cerca de seis milhões de doses, que vão abranger 20% da população moçambicana, tendo já cumprido duas das várias etapas necessárias para receber a vacina.
"Já submetemos um plano de assistência técnica e também a chamada candidatura de acesso à vacina, na qual especificamos os grupos prioritários, quer dizer, os que vão ser os primeiros a ser imunizados", disse.
África do Sul arranca vacinação em fevereiro
Já a África do Sul, o país mais atingido em África pela pandemia, espera obter as primeiras doses de vacina no próximo mês, anunciou no domingo (03.01) o ministro da Saúde sul-africano.
"O nosso alvo é fevereiro", disse Zweli Mkhize em conferência de imprensa, advertindo que ainda é preciso concluir as negociações com os fabricantes de vacinas, incluindo a Pfizer, Moderna e AstraZeneca, bem como com os laboratórios russos e chineses.
Nas últimas semanas, o governo sul-africano recebeu críticas, principalmente de especialistas em saúde, sobre o atraso no início de um programa de vacinação contra a Covid-19. Para financiar o seu programa de vacinas, o Governo planeia pedir ajuda ao setor privado, bem como às principais seguradoras de saúde do país.
A África do Sul também participa no Covax, o projeto da OMS para a distribuição equitativa global de vacinas, para o qual fez um depósito na semana passada no valor de 15,8 milhões de euros.
Este país assiste a uma escalada de casos que preocupa as autoridades locais."“É claro que a segunda onda que estamos a atravessar está a afetar-nos mais do que a anterior", disse o ministro.
Nova variante
As preocupações sobem de tom numa altura em que os cientistas têm dúvidas sobre se as vacinas já desenvolvidas funcionarão contra a nova variante do novo coronavírus encontrada na África do Sul.
Segundo o editor político da rede de televisão britânica ITV, Robert Peston, "a razão da 'incrível preocupação' de Matt Hancock [Matthew Hancock, ministro da Saúde britânico] com a variante sul-africana da Covid-19 é que eles não estão tão confiantes quanto à eficácia das vacinas contra essa estirpe como estão para a variante do Reino Unido".
Matthew Hancock disse esta segunda-feira (04.01) que estava extremamente preocupado com a nova variante do novo coronavírus encontrada na África do Sul, sem adiantar mais pormenores.
Esta segunda-feira (04.01), cientistas naquele país informaram que estão a realizar testes com urgência para averiguar se as vacinas contra a Covid-19 são eficazes ou não contra a nova variante do vírus.
"Esta é a questão mais premente que enfrentamos neste momento", afirmou Richard Lessells, especialista em doenças infecciosas que está a trabalhar nos estudos genómicos da variante do país, em declarações à agência Associated Press.
"Estamos a fazer experiências urgentes no laboratório para testar a variante", com o sangue de pessoas com anticorpos e de pessoas que receberam vacinas, acrescentou.
Em África, há 66.145 mortos confirmados e mais de 2,7 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
Entre os países lusófonos, Angola regista 408 óbitos e 17.642 casos, seguindo-se Moçambique (169 mortos e 19.309 casos), Cabo Verde (113 mortos e 11.920 casos), Guiné Equatorial (86 mortos e 5.264 casos), Guiné-Bissau (45 mortos e 2.446 casos) e São Tomé e Príncipe (17 mortos e 1.014 casos).
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (196.018, em mais de 7,7 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.835.824 de mortos resultantes de mais de 84,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência de notícias francesa AFP.