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Covid-19: Como conter a propagação em Moçambique?

22 de dezembro de 2021

O setor da saúde estuda estratégias para responder à propagação do coronavírus em Moçambique, onde se registam mais de dois mil cassos diários. Segundo observadores, a campanha de vacinação não está a ser abrangente.

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Mosambik Coronavirus Corona-Test
Foto: Luciano da Conceição/DW

As autoridades sanitárias de Maputo criaram vinte postos comunitários de saúde e seis grupos de vigilância e diagnóstico para responder à rápida propagação do coronavírus na capital.

Nesta terça-feira (22.12), o país bateu um recorde de mais de dois mil casos de Covid-19, tendo a cidade de Maputo registado 860 casos.

A vereadora da Saúde na autarquia da capital, Alice de Abreu, explicou que esta coordenação de trabalhos visa descongestionar os centros de saúde e hospitais da cidade de Maputo que deverão tratar casos mais graves.

“A nossa estratégia visa permitir que a população não se concentre num único espaço para ter acesso à testagem que é a preocupação que temos neste momento", afirma Alice de Abreu, em entrevista à DW África. E adianta: "Temos várias pessoas com sintomas, que precisam de confirmar se são ou não são positivas para a covid.”

As penalizações

O Município de Maputo diz que para evitar cenários catastróficos os 20 postos comunitários estão a trabalhar na prevenção, por exemplo nos terminais rodoviários e noutros locais susceptíveis a aglomerações.

"Fazemos a dispersão desses aglomerados, visitas a discotecas, bares ou barracas, para verificar se estão a ser cumpridas aquelas que são as medidas", avança Alice de Abreu. E assegura: "Havendo incumprimento, fazemos a recolha de pessoas que estão envolvidas em incumprimento e procedemos ao encerramento das referidas lojas ou barracas ou à passagem de multas, em função do caso especifico em que estamos a verificar.”

Mosambik Coronavirus Fähre Maxixe
Em Moçambique a campanha de vacinação não está a ser abrangente, dizem observadoresFoto: Luciano da Conceição/DW


A chegada de moçambicanos emigrados na África do Sul traz outro problema para a capital, mas as autoridades sanitárias garantem que estão em coordenação com as províncias do sul do país para responder à rápida propagação do novo coronavírus.

“Cada uma das províncias sabe qual o destino final deste mineiro e estamos preparados para garantir a testagem e o acompanhamento desse mesmo mineiro até ao destino. No sentido inverso, quando terminar o período em que eles estarão aqui, também estaremos organizados para que eles possam fazer a testagem e possam atravessar a fronteira de forma organizada”, explica a vereadora da Saúde de Maputo.

Vozes críticas da sociedade civil

O pesquisador Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública (CIP), não olha com bons olhos para os números do coronavírus agora registados: “Eu tenho muito medo que estas medidas sejam muito dolorosas no próximo ano, no sentido de voltarmos a fechar as escolas, a trabalharmos em rotatividade, o que significaria menos produção.”

Borges Nhamire duvida ainda que haja controlo de mobilidade de pessoas vacinadas que nestas festas vão para as zonas rurais onde encontram pessoas não vacinadas.

“Primeiro vacinamos onde? Nas cidades. No jardim Tunduru estão a vacinar, mas na minha povoação não estão a vacinar. Meus pais são idosos e ainda não se vacinaram porque na minha povoação ainda não chegou a vacinação. Agora os filhos e os netos saem da cidade vacinados e vão para o campo, da mesma forma que os nossos irmãos voltam da África do Sul com a variante Ómicron nós também pegamos daqui da capital e das cidades e vamos para a povoação”, alerta o pesquisador.

Nesta terça-feira (21.12), as autoridades sanitárias reportaram o internamento de 29 doentes com Covid-19, assim como contabilizaram mais cinco mortes relacionadas com o coronavírus.

A vacinação contra o coronavírus em Moçambique

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