Regresso às escolas preocupa pais e alunos em Moçambique
29 de junho de 2020O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou este domingo (28.06), numa comunicação à nação, a retoma faseada das aulas presenciais em todos os graus de ensino, com calendários a divulgar dentro de dias.
Preparam-se, assim, para regressar à escola os alunos do ensino secundário, principalmente os que vão ter exames, mas também os estudantes dos institutos de formação e os estudantes do terceiro e quarto ano do ensino superior.
Sebastião Arnaldo Moiane, residente em Homoine e encarregado de educação de oito crianças, afirma ter medo que os estudantes voltem às aulas em plena pandemia, alegando que as escolas não estão em condições de controlar a prevenção da Covid–19.
"Não estou me sentindo melhor, porque a doença está mais avante”, disse Sebastião Arnaldo Moiane, acrescentando que não está de acordo com o regresso das crianças às escolas, "porque quando voltarem não será fácil, de maneira que estamos a prevenir as crianças [da Covid-19] em casa", conta.
Regresso "perigoso"
Silva Reginaldo, estudante do terceiro ano do ensino superior em Inhambane, disse à DW que regressar às aulas neste momento é perigoso, mas irá adaptar-se à nova realidade.
"Temos que nos adaptar às mudanças. Estou acostumado a estudar com auxílio do professor, às vezes fico frustrada sem ninguém para me auxiliar", reconheceu a estudante, referindo-se ao estudo online.
Ayuba Junior, professor em Inhambane, considera que há falta de condições para a reabertura das aulas em Moçambique. "Por vezes nas escolas falta giz. Será que desta vez não ira faltar água e sabão? O professor também tem direito de subsídio de riscos", lembra.
Preocupado com essa situação, o professor assegura que os seus filhos não deverão regressar à escola este ano.
Dificuldades para estudar online
Os alunos que não têm exames vão ter de continuar a estudar online. No entanto, nem todos os alunos estão a frequentar as aulas usando as tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Lucas Bernardo, diretor da escola primária de Maxixe, disse que o estudo online não está ser a abrangente porque nem todos os alunos e professores possuem telefone com aplicativo compatível.
"Na verdade nem todos professores e turmas conseguiram criar aquela plataforma de WhatsaApp para troca de informação. Mas algumas turmas da sétima classe conseguiram fazer isto", relata.
Palmira Pinto, diretora provincial de Educação e Desenvolvimento Humano em Inhambane, admitiu à DW que tem consciência de falhas na estratégia usada para estudos e abertura das aulas, por isso pede a colaboração de todos intervenientes.
"Temos consciência que realmente estas metodologias que nos adotámos talvez não tenha sido 100% abrangente, mas nós estamos sempre abertos a colaborar com pais e encarregados da educação", esclareceu a diretora.