África do Sul prepara-se para possível terceira vaga
6 de abril de 2021À medida que o verão chega na Cidade do Cabo, muitos residentes aproveitam as praias vazias nas areias brancas de Camps Bay para relaxar. A África do Sul encontra-se num contexto marcado por uma nova normalidade, devido à pandemia de Covid-19.
Muitos sul-africanos veem este momento como uma oportunidade para se divertir, depois de um longo período de confinamento.
"Temos sido privados. Mesmo no meio do verão, em dezembro, tivemos um súbito encerramento. Não podíamos vir à praia, desfrutar do mar, do ar fresco. Mas isto é vida. Estamos muito felizes por estarmos a voltar à vida normal. A economia está a ser aberta", disse à DW um banhista que mostra-se feliz por voltar a desfrutar da praia.
Muitas pessoas que frequentam a praia de Camps Bay ignoram as recomendações do uso de máscaras e o distanciamento social neste espaço público.
A África do Sul é dos países da África Austral que mais registou casos de Covid-19. Estima-se que a doença infetou no país 1.552 mil pessoas. Mais de 50 mil pessoas morreram.
Fim da segunda vaga
Em dezembro de 2020, o país registou o pico da segunda vaga da pandemia. No entanto, depois de fevereiro, a taxa de infeção no país caiu progressivamente e permaneceu relativamente baixa, quase sem quaisquer medidas de confinamento.
Para Shabi Mahdi, professor de Vacinologia na Universidade de Witt, a "segunda vaga da pandemia" na África do Sul foi parcialmente impulsionada pela propagação da chamada "variante sul-africana" e pela incapacidade do país de fazer cumprir as medidas de restrição.
"Na Europa, foram impostas restrições mais rigorosas quando o número de casos aumentou. Na África do Sul, fizemos o oposto. Começamos com níveis muito elevados de restrições e, quando não fomos capazes de as manter, tornámo-nos mais brandos e relaxámo-las", explica.
Nova variante: mais mortal?
Estudos de anticorpos mostram que quase 50% da população da Cidade do Cabo já foi infetada pela Covid-19. Nalgumas zonas residenciais, os números são ainda mais elevados.
O virologista Wolfgang Preiser, da Universidade de Stellenbosch, diz que até agora não há provas de que a nova variante tenha causado uma taxa de mortalidade mais elevada.
"Os distritos da Cidade do Cabo que foram gravemente afetados durante a primeira vaga parecem ser menos afetados durante a segunda vaga. Isto é prova de algum efeito protetor contra a nova variante, se tiver sido infetado com a variante original", afirma.
"Se esteve infetado pela nova variante, ficará imune contra todas as outras precedentes. Esta é a boa notícia", acrescenta.
A África do Sul prepara-se para uma possível terceira vaga da pandemia, cujas taxas poderão aumentar depois das férias de Páscoa.