CPLP lança campanha de combate à fome
4 de abril de 2014
Apesar de não haver números concretos, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) garante que há pessoas que passam fome no espaço geográfico lusófono, à exceção do Brasil – país que já atingiu a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecida pelas Nações Unidas, de redução da fome em, pelo menos, 50%.
Portugal apresenta, atualmente, situações críticas em consequência da crise económica. As carências são contudo minimizadas, em parte, pela ação de instituições religiosas e de solidariedade social que distribuem refeições aos mais necessitados.
O grau de incidência da fome varia entre os oito países membros da comunidade. No entanto, dados recentes divulgados pela CPLP indicam que a carência afeta “28 milhões de pessoas num contexto de 250 milhões” de habitantes, afirma Manuel Lapão diretor da Cooperação da organização. Um número que “a todos comove e sensibiliza”, acrescenta.
Para responder ao problema no seio da comunidade lusófona, a liderança da CPLP tem em curso uma campanha internacional, lançada a 20 de fevereiro.
CPLP aproximar-se dos mais desfavorecidos
De acordo com o Manuel Lapão, a iniciativa da tem um duplo objetivo, por um lado, “conseguir sensibilizar a população em geral para o tema da fome e para a necessidade de apoiar os grupos mais desfavorecidos” e, por outro, “angariar um envelope financeiro para a execução de pequenos projetos juntos dos Estados-membros” da CPLP.
Segundo o diretor da Cooperação da organização lusófona, a campanha – a primeira com esta dimensão – está ancorada nas decisões da organização lusófona que tem na sua agenda, até 2025, como temas prioritários a segurança alimentar e nutricional, depois da crise de 2008 e 2009.
Uma vez que “a organização é muitas vezes acusada de estar distante dos povos e das comunidades”, diz Manuel Lapão, a iniciativa é uma oportunidade de ir “ao encontro dos mais desfavorecidos na sociedade”. “Estamos a falar, por exemplo dos pequenos agricultores que colocam 90% dos produtos que consumimos à nossa mesa mas são também as vítimas de insuficiência alimentar e de fome crónica”, detalha o responsável pela campanha internacional da CPLP.
6 milhões de euros é meta ambiciosa
Com esta campanha, acrescenta Manuel Lapão, a organização espera mobilizar seis milhões de euros, de contribuições voluntárias de cidadãos, empresas e instituições.
No entanto, Manuel Lapão reconhece que “a meta dos 6 milhões de euros é extremamente ambiciosa”. “Temos que ser realistas, se chegassemos a um valor próximo dos três milhões, no final de 2014, eu acho que já podíamos considerar um sucesso”, aponta o diretor da Cooperação da CPLP.
Estão em fase de identificação três tipologias de atividades direcionadas para as populações mais vulneráveis, envolvendo os pequenos agricultores e as comunidades, voltadas igualmente para as mulheres e crianças através de programas que visam garantir uma refeição quente diária.
O impacto das ações, relacionadas com o combate à pobreza, será de médio e longo prazo.
CPLP não substitui responsabilidade dos Estados
“A CPLP tem uma dimensão pequena, não pode ser comparada a outras organizações de base multilateral. E o recurso financeiro que a CPLP pretende angariar com estes projetos não se sobrepõe àquilo que é o investimento público na segurança alimentar que os Estados devem fazer como política pública complementar”. Pelo que “a CPLP não vai, de maneira nenhuma, e não tem qualquer hipótese de resolver esta questão na sua totalidade”, garante Manuel Lapão, diretor da Cooperação da organização lusófona.
A campanha é apoiada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e insere-se no conjunto de medidas de combate à pobreza nos países lusófonos. A iniciativa decorre até dezembro e irá terminar com uma grande gala televisa.