Crianças-soldado usadas por extremistas em Macomia
15 de maio de 2024A organização não-governamental (ONG) disse que "não é claro" se crianças "também se envolveram em combates contra as forças armadas governamentais", mas salientou que "o recrutamento e utilização de crianças com menos de 15 anos como crianças-soldado é um crime de guerra".
"Várias testemunhas, incluindo familiares dos rapazes, disseram à Human Rights Watch (HRW) que, entre os combatentes (...) que participaram no ataque, havia dezenas de crianças com cintos de munições e espingardas (...). Duas pessoas da mesma família disseram que reconheceram o sobrinho de 13 anos entre as crianças", assinalou a ONG.
A investigadora sénior para África da HRW, Zenaida Machado, citada no comunicado, defendeu que "o uso de crianças como soldados (...) é cruel, ilegal e só contribui para os horrores do conflito de Cabo Delgado", apelando à sua libertação imediata e ao fim do recrutamento.
A Human Rights Watch adiantou que falou por telefone com seis residentes que testemunharam o ataque a Macomia, bem como com dois trabalhadores de ajuda humanitária na região.
Imagens visualizadas pela ONG, "e agora amplamente partilhadas nas redes sociais, parecem mostrar alguns dos combatentes, incluindo uma criança, a transportar armas e a circular livremente perto de um mercado local", acrescentou.
Ataque terrorista em Macomia
O Ministério da Defesa Nacional moçambicano confirmou na sexta-feira um "ataque terrorista" à vila de Macomia, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas forças armadas e outro morto.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã de sexta-feira, o ataque à sede distrital de Macomia, explicando que aconteceu numa zona antes controlada pelos militares da missão dos países da África Austral, que está em progressiva retirada até julho.
A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocímboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta desde outubro de 2017 uma insurgência armada com ataques reclamados por grupos associados ao Estado Islâmico.
Depois de vários meses de relativa acalmia nos distritos afetados, a província de Cabo Delgado tem registado, desde praticamente o início do ano, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes.