Greve de professores na Guiné-Bissau
14 de setembro de 2012O pré-aviso de greve de 60 dias já foi entregue ao governo da Guiné-Bissau pelas mãos dos sindicatos do setor, que já não acreditam numa negociação com as autoridades.
O Governo de transição marcou o início das aulas para o dia 17 de setembro, mas, caso se mantenha a paralisação, a abertura das escolas públicas do ensino básico e secundário só deverá ocorrer em dezembro, perto das férias de Natal.
Salários atrasados
Em causa, explica o presidente do Sindicato Nacional dos Professores, Luís Nancassa, estão os salários em atraso e o não cumprimento de medidas acordadas entre as duas partes, no ano passado:
"O governo tem muitas dívidas para com os professores. Dívidas que vão desde pagamentos de salários aos professores novos, contratados ou doentes", explica Nancassa ao destacar que o estatuto de carreira docente já deveria ter entrado em vigor de 2011.
A decisão de avançar para a greve segue-se à entrega de um caderno reivindicativo no Ministério da Educação que, até hoje, não recebeu resposta segundo Nancassa: "Entregamos o caderno reivindicativo no dia seis e o governo nem se dignou em nos chamar para sentarmos à mesa a fim de ultrapassar a situação pela qual passamos. Entendemos que o governo quer que haja uma greve. Todos os alunos que frequentam escolas públicas vão ficar sem aulas."
O SINAPROF, na voz de Luís Nancassa, está indignado com a atitude do governo, que continua sem pagar as dívidas que já vinham do anterior executivo, mesmo depois de os docentes terem acedido voltar às aulas quando o golpe de Estado de abril deste ano fez encerrar os estabelecimentos públicos durante dois meses:
Professores aguardam negociações
"Nós tentamos de tudo para ultrapassar a crise com um diálogo mas não conseguimos. Foi até por vontade dos professores que o ano letivo de 2011 e 2012 chegou ao fim."
Nancassa esclarece que apesar das aulas terem sido interrompidas durante o período em que vigorou o impasse do golpe de Estado de 12 de abril, os professores acharam por bem terminar o ano letivo voltando a dar aulas para não agravar ainda mais a situação, "mesmo que o governo não cumprisse as suas obrigações", completa.
Os sindicatos exigem também, de acordo com o caderno reivindicativo entregue ao governo, a criação de subsídios de isolamento, de primeira colocação e de risco, tal como acontece com os profissionais da saúde.
O pré-aviso de greve frisa que os professores continuam à espera de abertura, por parte do governo de transição, para discutir soluções para os problemas dos docentes. Caso isso não aconteça, cerca de 5 mil não vaã trabalhar esta segunda-feira, deixando todos os alunos do ensino público sem aulas durante os próximos dois meses.
Autora: Maria João Pinto
Edição: Bettina Riffel / António Rocha