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"Crise anglófona" nos Camarões sem fim à vista

Moki Kindzeka | vr
8 de junho de 2017

Aumenta a tensão nas províncias camaronesas onde se fala inglês. O tribunal militar de Yaoundé decidiu manter na prisão dois líderes da contestação anglófona, acusados de rebelião e terrorismo.

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Foto: picture-alliance/dpa/J. Kepseu

Na quarta-feira (07.06), o tribunal militar de Yaoundé recusou libertar Barrister Felix Nkongho Agbor Balla e Fontem Neba, dois dos 27 líderes anglófonos presos nas províncias anglófonas do noroeste e sudoeste, bastiões tradicionais da oposição contra o regime do Presidente Paul Biya. O julgamento deverá ser retomado a 29 de junho.

O advogado de defesa Sam Francis afirma que a audiência teve contornos fora do comum, uma vez que uma parte dos convocados não esteve presente durante a mesma. Nestas cirscunstâncias, argumenta, "o caso deveria ser suspenso".

A minoria anglófona, que representa cerca de 20% do total populacional de 22 milhões, protesta contra a sua marginalização desde novembro de 2016.

A crise começou com uma greve dos advogados, que exigiam a introdução do sistema jurídico britânico e o uso do inglês nos tribunais. Seguiu-se uma greve por parte dos professores, igualmente para reivindicar um papel mais relevante do inglês na vida pública.

Tensão crescente

A tensão na região inglesa dos Camarões tem aumentado. Foram incendiados mercados, escolas públicas, escritórios e carros de pessoas suspeitas de colaborarem com o Governo no impedimento da reclamação dos direitos e da independência da zona inglesa do país. Um hotel bastante popular em Bamenda também foi incendiado.

"Crise anglófona" nos Camarões sem fim à vista

A violência tem escalado na zona sudoeste dos Camarões, à medida que os habitantes exigem que os líderes angófonos sejam libertados e que as acusações contra eles sejam retiradas.

Elias Ijalle, legislador, condena este tipo de atitudes por parte dos cidadãos. "Infelizmente, os jovens estão a ir para as ruas e a destruir infraestruturas existentes. É uma situação lamentável", critica.

Nas  províncias anglófonas, alguns ativistas reivindicam um Estado independente do Camarão do Sul, baseado no nome que foi dada à região na era colonial britânica.

Mas, segundo analistas, a grande maioria dos habitantes destas zonas prefere uma federação à independência, por consideram que essa seria a melhor forma de combater a discriminação política e económica de que se sentem alvos.