Crise em Moçambique chega ao futebol
17 de abril de 2018O Campeonato Nacional de Futebol poderá sofrer uma interrupção por tempo indeterminado, admitiu publicamente a Liga Moçambicana da modalidade. Já no último fim de semana foi cancelada a maior parte dos jogos do campeonato, que mal começou e vai ainda na sexta jornada. Em causa está a falta de fundos para custear as despesas em passagens aéreas para a deslocação das equipas.
A Liga Moçambicana de Futebol reuniu-se esta segunda-feira (16.04) de emergência com os clubes para tentar encontrar propostas viáveis a serem levadas a um encontro com o Governo, agendado para esta terça-feira (17.04), para tentar salvar o Moçambola.
"Ficou claro que estamos em dificuldades, mas todos estamos unânimes em podermos fazer um esforço , de modo a terminarmos o nosso campeonato nacional nos moldes em que se iniciou", disse o presidente da Liga, Ananias Couana.
Segundo o dirigente, os participantes no encontro chegaram a um acordo de princípio, mantendo-se em aberto a discussão sobre o tipo de transporte a utilizar nas várias deslocações.
"Temos de massificar o transporte terrestre. Tudo será feito para garantir que o Moçambola prossiga no próximo fim de semana com a conclusão da sexta jornada", afirmou o presidente da Liga."
Consequências
O comentador desportivo Alexandre Zandamela disse à DW África que a eventual interrupção do Moçambola poderá afetar várias áreas. "O Moçambola é um meio através do qual as pessoas convivem e se conhecem. O Moçambola é visto também como um elemento aglutinador, de autoestima, de alavancar a unidade nacional", explica.
Do ponto de vista económico, também haverá consequências, já que "as pequenas empresas e os pequenos negociantes encontram no Moçambola uma oportunidade de fazerem um encaixe financeiro através dos seus negócios", lembra o comentador.
E também a componente desportiva vai ficar mais afetada. "Sem o Moçambola, tudo se desmorona do ponto de vista da ambição, da projeção dos adeptos de futebol", diz Alexandre Zandamela.
O comentador desportivo Manuel Moreira também destaca que uma eventual interrupção do campeonato poderá provocar ainda atrasos na conclusão da prova e chocar com os prazos para a apresentação dos nomes dos representantes do país nas competições africanas.
"Isto está extremamente complicado", considera Manuel Moreira. "Em setembro temos de ter o finalista da taça e um campeão nacional, porque o figurino das competições africanas irá mudar. Não vejo como é que vamos terminar o campeonato nacional e temos ainda a Taça de Moçambique. Começámos o campeonato nacional com três semanas de atraso, já temos duas jornadas que não se vão realizar, uma delas incompleta só com três jogos realizados", lembra.