1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Crise política guineense "cansa" comunidade internacional

Iancuba Dansó (Bissau)
26 de agosto de 2020

Organizações internacionais são acusadas de interferência nos assuntos internos da Guiné-Bissau. Analistas admitem influência exagerada, mas destacam "cansaço" da comunidade internacional com a crise política do país.

https://p.dw.com/p/3hVj9
Guinea-Bissau Wahl | Umaro Sissoco Embaló & José Mario Vaz
Foto: DW/I. Dansó

Mesmo com a mediação da comunidade internacional, a Guiné-Bissau tem vivido longa e permanente instabilidade política e governativa. Em fevereiro deste ano, o país mergulhou numa nova crise depois das eleições presidenciais e com a tomada de posse simbólica de Umaro Sissoco Embaló.

Em meio a um contencioso eleitoral, o então candidato do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) foi dado como vencedor da segunda volta do pleito pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) - que tem mediado esta crise política - é acusada de imparcialidade  acusada de imparcialidade. O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirma que alguns dos chefes de Estado da CEDEAO "tentam impor as suas agendas na Guiné-Bissau contra a vontade do povo guineense".

O analista político Rui Landim também considera que há "interferências externas" na Guiné-Bissau, que resultam do "fracasso" da comunidade internacional na resolução da crise política.

À revelia do Parlamento, Sissoco toma posse

"

Quando há fracasso, entra a interferência. Também há aproveitamento para alguém poder tomar conta da coisa. Quando há fracasso [da comunidade internacional] de quem deve organizar e [faz] entrar essa interferência com outras intenções, onde se procura encontrar outros interesses obscuros e inconfessos", avalia Landim.

Agradar gregos e troianos

O professor de Relações Internacionais Fernando Mandinga da Fonseca lembra que o Governo guineense foi reconhecido pela CEDEAO embora continue a ser contestado pelos opositores que, por sua vez, chamam a atenção para o facto de o contencioso eleitoral ainda não ter sido resolvido.

Para o Fonseca, a aceitação de Sissoco Embaló como Presidente é um exemplo de interferência internacional nos assuntos domésticos da Guiné-Bissau.

"Um dos candidatos decidiu autoproclamar-se Presidente da República. Houve missões diplomáticas de alguns países da nossa sub-região, que a priori legitimaram essa posição. Do ponto de vista diplomático, isso é um equívoco. Porque há instituições democráticas que têm a responsabilidade de decidir quem é ou não Presidente da República", classifica.

Landim reconhece, por outro lado, um certo cansaço da comunidade internacional na resolução das cíclicas crises políticas guineenses.

"Aquilo que se vê é mais um sinal de cansaço da comunidade internacional, que ao invés de enfrentar a situação com realismo, trata de encontrar as soluções que sejam adequadas. Optou-se sempre pelas soluções para agradar a gregos e a troianos, e estamos nesta situação que estamos".

"Se Aristides Gomes sair da ONU corre o risco de vida"

 

Saltar a secção Mais sobre este tema