Crise prejudica crescimento económico de São Tomé e Príncipe
28 de dezembro de 2012
As fragilidades macroeconómicas do país são profundas, reconheceu quinta-feira (27.12.2102) a governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP), Maria Silveira, durante o balanço anual sobre a situação económica do país.
Segundo Maria Silveira, a estrutura económica totalmente dependente das ajudas externas prejudicou muito o crescimento conseguido este ano, na ordem dos 5%. "O financiamento dos investimentos públicos é feito, em mais de 90%, com recurso a fundos externos e a não entrada desses recursos, conforme previsto, inviabilizou ou dificultou a execução de vários projectos de investimento”, explicou.
A aprovação de um plano estratégico para a redução da pobreza até 2016 e que conta com o apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), a aprovação de cortes nas despesas correntes do Estado e a fixação da margem de lucro na comercialização de nove produtos considerados essenciais foram apontados no balanço como sendo os progressos de 2012.
No entanto, o analista económico Zeferino Ceita olha com cautela para estas medidas. “Perante a falta de financiamento, tivemos de tomar medidas administrativas. Apesar de termos um acordo internacional, torna-se necessário o investimento direto externo”, defende.
Cenário económico sem grandes alterações
Tanto para o BCSTP como para o analista económico, face à conjuntura de crise financeira internacional, 2013 não irá trazer muitas mudanças para o actual cenário económico do país. Enquanto os parceiros de cooperação continuarem com problemas, o país estará na mesma situação, afirma Zeferino Ceita.
Por isso, são necessárias soluções urgentes. “Enquanto os nossos parceiros europeus, como doadores internacionais, sobretudo Portugal, continuarem na situação em que se encontram e enquanto não tivermos a capacidade de diversificar as nossas fontes de financiamento, teremos mais problemas”, prevê o analista.
Para o próximo ano, o BCSTP prevê um crescimento económico que deverá situar-se entre 4 e 4,5%. “Continuaremos a gerir a política monetária tendo em vista consolidar os objetivos de inflação baixa, num regime de taxa de câmbio fixo e de priorização do crescimento económico real robusto da nossa economia”, anunciou Maria Silveira.
Em 2012, houve uma “tímida” queda da inflação, que "deverá situar-se próximo de 10% em termos acumulados”, acrescentou a governadora do BCSTP, que considera que este nível de inflação é ainda elevado e reflete a “volatilidade da conjuntura interna”.
Segundo Zeferino Ceita, o orçamento do estado para 2013, que ainda está em fase de elaboração, deverá conter medidas que façam com que as despesas correntes do país sejam financiadas com recursos internos, garantindo assim o quadro de estabilidade macroeconómica que o país necessita.
Autora: Edlena Barros (São Tomé)
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha