Moçambicanos preocupados com o custo de vida em 2018
12 de dezembro de 2017Em Moçambique, os últimos anúncios do Governo de novas medidas de austeridade já adiantam que a vida estará mais apertada para os moçambicanos em 2018. Estas medidas vão afetar diretamente o setor público, que, por exemplo, não terá progressões na carreira.
A estas medidas juntam-se aumentos dos preços de alimentos básicos para as famílias de baixa renda, como o carapau. Além disso, os preços das portagens também vão aumentar, obrigando os transportes semicoletivos a agravar a tarifa.
Mais ainda, em 2018 os moçambicanos terão de lidar com o encarecimento de outros produtos, como roupas e viaturas usadas, que também beneficiam a maior parte da população.
Sem poder de compra
Nas ruas de Maputo, capital do país, os cidadãos mostram-se preocupados com a economia no próximo ano. O funcionário público David Cuche diz que os moçambicanos já não possuem poder de compra.
"A cada dia que passa os preços vão subindo e, quando temos cortes, sentimos que em algum momento o salário não nos favorece e fica difícil", ressalta o funcionário público.
O preço dos combustíveis também está a obrigar algumas famílias a refazer os seus planos para 2018. É que para este mês de dezembro foi anunciada a subida da tarifa do transporte semicoletivo, vulgo chapa, num acordo alcançado em setembro.
Para Raúl Alexandre este aumento deixará as coisas ainda mais difíceis. "Sempre há de ser difícil para nós que recebemos pouco. Recebemos menos e estou a tentar fazer o possível com este menos para desenrascar".
Diminuindo despesas
No próximo ano, os funcionários do Estado não terão progressões nas carreiras até que o cenário económico se normalize. O setor da Educação é um dos mais prejudicados com esta medida. O professor Aurélio Mabui não imagina o que será de 2018.
"Vai ser péssimo porque este ano venho passando por dificuldades. Para o ano será pior. Vamos diminuir o máximo possível as despesas, mas já estamos com o cinto apertado", confessa.
Em meio a estas dificuldades, há casais que perderam o emprego e voltaram a depender dos seus próprios pais para sobreviverem. É o caso da Inês Nhantumbo, que vive à custa da sua sogra e não sabe como serão os próximos meses.
"Não sei como vai ficar. Não trabalho. Sou esposa e meu marido ainda não começou a trabalhar, é licenciado, mas não consegue trabalho. Dependemos da minha sogra".
As medidas de austeridades do Governo foram decretadas logo após a descoberta das chamadas dívidas ocultas, que totalizam mais de dois mil milhões de dólares.