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Cyril Ramaphosa já é Presidente da África do Sul

Madalena Sampaio | Subry Govender (Joanesburgo) | AP | Reuters | Lusa | EFE
15 de fevereiro de 2018

Cyril Ramaphosa, líder do ANC e até aqui vice-Presidente, é o sucessor de Jacob Zuma, que se demitiu na noite passada. O quinto Presidente da África do Sul promete "servir o povo" com "humildade e dignidade".

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Ramaphosa: "Acredito que quando alguém é escolhido para este tipo de cargo, transforma-se num servidor do povo"Foto: Reuters/M. Hutchings

Cyril Ramaphosa, de 65 anos, já era apontado há muito como "o senhor que se segue" na África do Sul. Esta quinta-feira (15.02), foi eleito Presidente da República no Parlamento por membros do Congresso Nacional Africano (ANC) e muitos deputados da oposição - à exceção dos partidos Aliança Democrática e Combatentes da Liberdade Económica.

O anúncio foi feito pelo chefe do Tribunal Constitucional, Mogoeng Mogoeng, 16 horas depois da demissão de Jacob Zuma. Quando deixou o cargo, em 1999, Nelson Mandela já o tinha proposto como seu sucessor. Um sonho que só agora, 19 anos depois, se cumpre.

Já na pele de chefe de Estado, o antigo sindicalista e ativista anti-Apartheid prometeu defender os interesses do povo, acima de tudo. "Acredito que quando alguém é escolhido para este tipo de cargo, transforma-se num servidor do povo da África do Sul. Eu também o farei com humildade, fidelidade e dignidade. É isso que vou procurar fazer", declarou no Parlamento.

Südafrika - neuer Präsident Cyril Ramaphosa - Vereidigung
Parlamento elegeu sucessor de ZumaFoto: Getty Images/AFP/M. Hutchings

Eleição "ilegítima"

Natural do Soweto, nos arredores de Joanesburgo, Ramaphosa já era vice-presidente do país desde 2014 e em dezembro foi eleito líder do ANC, o partido no poder desde 1994. O bem-sucedido empresário era o único candidato à sucessão de Jacob Zuma, acusado de vários atos de corrupção.

Mas esta eleição não agradou a todos. Antes da votação, o partido Combatentes da Liberdade Económica abandonou o Parlamento, mas não sem antes criticar o ANC por uma eleição que considera "ilegítima". "É preciso dissolver o Parlamento e depois convocar eleições. Deixem o povo da África do Sul escolher o seu Presidente e não uma elite que escolhe o Presidente entre si!", pediu Julius Malema, líder do partido da oposição.

Cyril Ramaphosa já é Presidente da África do Sul

Também Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, outro partido da oposição, defendeu que o Parlamento deve ser dissolvido. "O problema está no ANC", sublinhou. "Se o ANC quer eleger Cyril Ramaphosa, deve fazê-lo, mas é preciso dissolver o Parlamento", salientou Mmusi Maimane. "E espero que um dos seus primeiros passos seja a dissolução do Parlamento. A África do Sul precisa desse novo começo."

O líder da Aliança Democrática também criticou Cyril Ramaphosa por este, enquanto vice-presidente, não ter tomado medidas contra a deterioração da economia, nem contra os escândalos de corrupção em que Zuma esteve envolvido.

Legado de corrupção

A um ano do final do segundo mandato presidencial, Jacob Zuma, de 75 anos, não resistiu à pressão do ANC. Deixa um legado contrário aos ideais do movimento que durante décadas lutou contra o "Apartheid", o regime de segregação racial na África do Sul.

No Parlamento, a oposição pediu que Zuma, acusado de corrupção, seja responsabilizado. Uma exigência que se repete pelas ruas de toda a África do Sul, onde os ventos de mudança estão a ser bem acolhidos.

"Zuma fez bem em demitir-se. Agora vamos ver o que Ramaphosa tem para nós", diz uma residente em Pretoria. "Acho que vai ser melhor. Vamos ter mais empregos, haverá mais trabalho para os jovens, é isso que queremos. Confiamos nele", afirmou outro jovem sul-africano.