1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cólera pode alastrar-se em Cabo Delgado

6 de maio de 2019

Autoridades temem que o surto de cólera que surgiu após o ciclone Kenneth atinja mais regiões da província de Cabo Delgado. Até agora, a doença já afetou 74 pessoas nos distritos de Mecúfi e Pemba, a capital provincial.

https://p.dw.com/p/3I07s
Cholera-Behandlungszentrum in Pemba
Foto: DW/D. Anacleto

Desde que o surto foi declarado em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, a 1 de maio, o número total de casos registados ascende a 74, de acordo com a mais recente atualização oficial, feita esta segunda-feira (06.05).

Alto Gingone, Paquitequete, Muxara e Cariacó são os bairros de Pemba de onde provém a maioria dos casos. Na cidade estão também internados no Centro de Tratamento de Doenças Diarreicas (CTD) outros 11 pacientes. Segundo as autoridades, até ao momento não há registo de óbitos.

Apesar de o surto se restringir, para já, aos distritos de Pemba e Mecúfi, as autoridades temem que o restabelecimento da circulação rodoviária entre os distritos possa propiciar o alastramento da cólera a mais pontos devido à movimentação das populações.

Setor da saúde em alerta

Por isso, o setor da saúde está em alerta e definiu já um cinturão dos distritos considerados críticos, além de ter colocado equipas em prontidão, anunciou Ussene Isse, diretor nacional da Assistência Médica, que monitoriza a situação em Cabo Delgado.

Cólera pode alastrar-se em Cabo Delgado

"Ibo, Quissanga, Macomia e Metuge são áreas críticas onde pode aparecer a cólera. Já estamos a montar uma estrutura, que é para quando aparecer a cólera estarmos lá e ativar", explicou Ussene Isse, acrescentando que uma equipa de vigilância também está a investigar casos de diarreias.

Além dos quatro distritos classificados como propensos a um eventual surto da cólera, o alerta foi ativado para toda a província. "Aqui na província de Cabo Delgado, a cólera é um problema crónico. Às vezes podemos estar concentrados aqui e depois o caso aparece noutro lado. Ao mínimo sinal de diarreias e vómitos, [as pessoas] tem que correr para o hospital", recomenda Ussene Isse.

A chegada das vacinas contra a cólera à província deverá acontecer dentro de duas semanas. Segundo o diretor nacional da Assistência Médica, no terreno já está a ser tudo preparado para a administração das vacinas.

Assistência em tendas e contentores

O ciclone Kenneth destruiu diversas unidades sanitárias em Cabo Delgado. Neste momento há distritos que estão a assistir os doentes em tendas e contentores improvisados. É o caso da Ilha do Ibo e Quissanga, onde o setor está a instalar hospitais campanha.

Ussene Isse
Ussene Isse, diretor nacional da Assistência MédicaFoto: DW/D. Anacleto

"Vamos estender as atividades de reposição dos serviços de saúde com muita urgência para Quissanga, através de hospitais móveis, porque o hospital local foi totalmente destruído, mas também no Ibo", explica António Mapure, secretário permanente provincial de Cabo Delgado.

"Estamos a fazer tudo ao nosso alcance para tornar normal a vida das nossas populações afetadas pelo ciclone, para aliviar o sofrimento", afirma António Mapure, que no terreno conta com o apoio de parceiros como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Médicos Sem Fronteiras (MSF), além das equipas de gestão provincial e central.