Dívidas ocultas: Prisão preventiva para sete arguidos
17 de fevereiro de 2019As audições perante o juiz de instrução no Tribunal Judicial de Maputo, no âmbito da investigação às dívidas ocultas, prolongaram-se por 12 horas, este sábado (16.02), com o acesso vedado aos jornalistas. No final da sessão, nenhum dos advogados de defesa dos oito arguidos aceitou prestar declarações à imprensa.
A DW África apurou de fonte ligada ao processo que o Tribunal decidiu conceder liberdade provisória a Elias Moiane, mediante o pagamento de uma caução de um milhão de meticais, o equivalente a 14 mil euros.
Ainda não é público o nível de participação de Elias Moiane, sobrinho de Inês Moiane, antiga secretária particular de Armando Guebuza, Presidente da República durante o período da contração das dívidas ilegais que lesaram o Estado moçambicano em mais de dois mil milhões de dólares.
Tal como Inês Moiane, o Tribunal legalizou a prisão preventiva do administrador delegado das três empresas envolvidas nestes empréstimos, António do Rosário, do ex-Director do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão, e de Bruno Tandade, operativo daquele serviço da secreta moçambicana.
O grupo inclui Teófilo Nhangumele, que teria desenhado o projeto que resultou no desfalque do Estado moçambicano.
Mais detenções nos próximos dias?
O número de detenções em Moçambique, no âmbito da investigação às dívidas ocultas elevou-se este sábado a nove com a detenção de Ndambi Guebuza, filho de Armando Guebuza. Ndambi Guebuza deverá comparecer perante um juiz dentro de 48 horas para a legalização da sua detenção.
Fontes ligadas ao caso admitem que novas detenções aconteçam nos próximos dias, ao mesmo tempo em que decorre a apreensão de vários bens. A Procuradoria-Geral da República divulgou em janeiro que 18 arguidos estavam a ser investigados num processo aberto por aquela instituição em 2015 relacionado com as dívidas ocultas.
As nove detenções efetuadas nos últimos três dias são as primeiras feitas pela justiça moçambicana após três anos e meio de investigação e aconteceram depois de a justiça norte-americana ter mandado prender Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique, detido a 29 de dezembro, quando viajava pela África do Sul.
A acusação norte-americana afirma estar na posse de correspondência e documentos que a levam a concluir que três empresas públicas moçambicanas de pesca e segurança marítima terão servido para um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento de vários suspeitos, passando por contas bancárias dos Estados Unidos.
As justiças norte americana e moçambicana solicitaram já a extradição de Manuel Chang, estando a análise destes pedidos pelas autoridades sul africanas marcada para uma sessão no próximo dia 26.
Chang viu na última sexta-feira (15.02) rejeitado um pedido de liberdade provisória por decisão do tribunal de Kempton Park em Joanesburgo na África do Sul.