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Da China para África: dinheiro e capacetes azuis

Julia Hahn | Kathy Sikombe (Lusaka) | gs
12 de janeiro de 2017

A China não está só interessada nos recursos naturais africanos. O país está a expandir a sua influência no continente.

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Chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi (esq.), com primeiro-ministro tanzaniano, Kassim MajaliwaFoto: picture-alliance/Photoshot/L. Sibo

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, termina esta quinta-feira (12.01) uma viagem a África. As visitas de Ano Novo ao continente já se tornaram quase numa tradição de Wang Yi, que, desta vez, passou pelo Madagáscar, Tanzânia, Zâmbia, República do Congo e Nigéria.

Na Tanzânia, por exemplo, o ministro prometeu consolidar a amizade e reforçar a cooperação; na Zâmbia, garantiu o reforço da cooperação industrial.

A China já superou há muito os Estados Unidos da América e as antigas potências coloniais europeias como o principal parceiro dos africanos. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, só no primeiro semestre do ano passado foram assinados 25 novos acordos com países africanos, avaliados em 47 mil milhões de euros.

Em outubro, foi inaugurada uma linha férrea entre a Etiópia e o Djibuti, no leste de África, construída por empresas chinesas. Obras semelhantes estão em execução no Quénia e na Nigéria. Os projetos também servem os interesses de Pequim, integrando o plano da Nova Rota da Seda, que pretende expandir as rotas comerciais e tornar a China na mais forte economia mundial.

China UN-Friedenstruppen für Südsudan
Foto: picture-alliance/dpa/C. Boyuan

Capacetes azuis chineses

Além dos projetos de infraestruturas e de acordos sobre matérias-primas, Pequim está também a aumentar os seus esforços militares no continente africano. Estabilidade é a palavra-chave.

"A atual estratégia da China inclui o paradigma da segurança - e isso é novo", diz Angela Stanzel, especialista em assuntos chineses no Conselho Europeu para as Relações Internacionais, em Berlim. "Este papel reflete uma nova abordagem da China em assuntos globais e quanto aos seus interesses."

Enquanto membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China tem atualmente soldados em sete das nove missões de paz da organização em África - mais do que qualquer outro membro do Conselho de Segurança da ONU.

Da China para África: dinheiro e capacetes azuis

Segundo Angela Stanzel, a China pretende, em primeiro lugar, proteger os seus cidadãos e investimentos em África e, em segundo, mudar a sua imagem.

"A China tinha uma imagem muito negativa, em particular em África. Tem sido criticada pelos países ocidentais, mas também por líderes africanos. O reforço deste tipo de esforços serve também para lançar uma imagem da China como um parceiro global responsável", afirma.

Pequim tem fornecido armas e ajuda económica a países africanos, sem prestar atenção a questões como governação democrática ou direitos humanos. "Já houve muitas violações no nosso país em termos de leis laborais, por exemplo, no setor mineiro", lembra Vince Chipatuka, analista político e económico da Zâmbia. "Há investidores chineses que exploram os nossos cidadãos, fazendo com que trabalhem mais tempo, muitas vezes, sem roupas de proteção e condições de trabalho."

Chipatuka entende que o Governo da Zâmbia deveria rever a sua cooperação com a China.

Por outro lado, Stanzel, do Conselho Europeu para as Relações Internacionais, entende que a China e a Europa podem aproveitar para reforçar os seus laços, por exemplo, em missões de paz ou na cooperação para o desenvolvimento em África.