Deputados africanos e OMS debatem resistência a pandemias
9 de novembro de 2023Sob a égide do escritório regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) em África, os delegados estão a tirar lições das pandemias de Covid-19 e ébola para criar um sistema eficiente para lidar com outra pandemia, caso esta ocorra.
É a primeira vez que a Organização Mundial de Saúde organiza uma conferência de alto nível com parlamentares africanos. Os delegados estão a utilizar esta conferência de três dias para definir estratégias para respostas eficientes a emergências de saúde.
Há dois meses, na Assembleia Geral das Nações Unidas, os líderes mundiais adotaram uma resolução que visa prevenir, preparar e responder eficazmente a futuras pandemias. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que os deputados africanos devem responsabilizar os seus governos pelo cumprimento desse compromisso.
"Como parlamentares, estão numa posição privilegiada para transformar esses compromissos em realidade. A OMS está empenhada em apoiar-vos nesse sentido. Isto é particularmente importante em África, onde a preparação é fraca e subfinanciada e onde falta coordenação multissectorial", alertou.
Evitar o colapso
Pandemias anteriores, como o ébola e a Covid-19, causaram estragos em todo o continente e não só, deixando muitos sistemas de saúde em colapso. Esta conferência tem como objetivo garantir que tais devastações não se repitam caso surja outra pandemia.
Ainda assim, a diretora regional da OMS-África, Matshidiso Moeti, lembrou que há lições positivas a tirar da forma como o continente lutou contra a pandemia de Covid-19: "No início da pandemia, os governos africanos, apoiados pelos seus parlamentos, tomaram medidas fortes e proactivas para proteger as populações e as economias. E a implementação atempada das medidas públicas e sociais recomendadas evitou as milhões de mortes por Covid-19 previstas para o continente. Os parlamentos e os deputados têm um papel decisivo para garantir que a preparação e a resposta à pandemia se traduzam em acções", explicou.
O ministro da Saúde do Gana, Agyemang Manu, disse que a obtenção de cuidados de saúde universais para os africanos também deve levar os deputados a elaborar boas leis e a procurar financiamento para os programas de saúde.
Cidadãos pessimistas
"Temos de nos esforçar por colmatar as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde nas populações que servimos", frisou. "O nosso papel na legislação, na afetação do orçamento, na supervisão e na ratificação de acordos internacionais dá-nos o ímpeto para influenciar e dar prioridade à segurança sanitária".
No entanto, nas ruas de Acra, os cidadãos ouvidos pela DW não estão muito convencidos quanto ao grau de preparação do continente para a próxima pandemia: "Na minha opinião, não tenho a certeza se África, enquanto continente, está preparada para outra pandemia, porque olhando para a anterior, penso que falhámos em muitos aspectos, como na forma como controlámos a Covid-19", disse um deles.
"Não vamos estar preparados para outra pandemia. Quando ela chegar, vamos ter de recorrer mais uma vez aos nossos doadores estrangeiros para que encontrem soluções para nós e isso é muito triste", afirmou outro entrevistado.