Descontentamento no seio da RENAMO em Sofala
11 de março de 2015Alguns simpatizantes e membros influentes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), ouvidos pela DW África, confessam estar frustrados com a liderança do maior partido da oposição. Dizem que, desde as eleições de 1994, contestadas pela RENAMO, tem faltado seriedade para com os eleitores que votaram no partido.
Pedem mais firmeza às chefias da "Perdiz" para cumprir o que se prometeu. E fazem também uma ameaça: se não houver progressos na pretensão de autonomizar as regiões centro e norte de Moçambique, vão sair do partido.
Os membros da RENAMO queixam-se que, por ainda estarem na oposição, têm sido alvo de perseguições e ameaças de morte por algumas pessoas, que se supõe serem da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder.
"Desde 15 de outubro de 2014 até hoje estamos à espera e nem sabemos em que data haverá resultados. Estamos só em casa, onde nem comida entra", critica um militante do principal partido da oposição moçambicana.
Outro membro da RENAMO, que também preferiu não divulgar o nome, disse estar "muito preocupado" com o partido. "Fomos roubados", sublinhou.
Debate do projecto-lei
Manuel Bissopo, secretário-geral da RENAMO, tenta amainar a situação. "Disseram que tínhamos de fazer um projeto para apresentar na Assembleia da República. Nós não perdemos nada, só ganhámos e vamos demonstrar ao mundo. É isto que orienta a liderança" do partido, declarou, assegurando que esse dia "vai chegar".
No seio do partido, há quem peça para que se acelere o dia do debate do projecto-lei sobre as províncias autónomas na Assembleia Nacional.
"As pessoas já não acreditam que vai ser implementado naqueles moldes que foram definidos", disse recentemente Manuel Bissopo.
"Se a FRELIMO recusar aprovar essa lei, transformar essa vontade popular da maioria, vamos fazer tudo para que, de facto, essas autonomias sejam uma realidade", prometeu o secretário-geral da RENAMO.