Desertificação e degradação dos solos em África
17 de fevereiro de 2011Começou esta quarta-feira (16.02.11), em Bona, na Alemanha, a reunião do Comité de Ciência e Tecnologia, órgão que integra a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação-UNCCD. Na opinião de Klaus Kellner, representante do continente africano no comité, "combate à desertificação e degradação dos solos em África tem sido feito de forma lenta."
O especialista estabelece uma relação entre as elevadas taxas de crescimento populacional e o uso intenso das terras para justificar a sua opinião. "Penso que o principal problema em África é a utilização massiva dos recursos naturais", esclarece Klaus Kellner. E acrescenta que "as pessoas não os usam de forma eficiente porque são pobres. Não têm outros recursos além das pastagens, cultivo, desflorestação."
Aumento populacional, solo e fome
Nos últimos 50 anos, a população mundial duplicou sobretudo com o contributo das elevadas taxas de crescimento demográfico do continente africano. Este fato faz disparar a necessidade de produção de alimentos. Por isso, Klaus Kellner acredita que o combate à desertificação e degradação dos solos passa obrigatoriamente pela luta contra a fome e pela gestão do uso das terras.
Na opinião do especialista, o combate à desetificação está ligado a "aspectos sócio-económicos". E "seria muito importante tomar medidas, dar oportunidades às pessoas para melhorar os seus meios de subsistência sem viver apenas da terra". Isto significa que teriam de ser criadas "formas alternativas de subsistência! Ou utilizar o solo de forma mais equilibrada (...) e ter consciência do problema da degradação dos solos, não apenas hoje mas para as gerações futuras".
Boas práticas
Apesar de haver ainda, em África, um longo caminho a percorrer para fazer frente à erosão, seca e degradação dos solos, Klaus Kellner, da Convenção da ONU de Combate à Desertificação, destaca alguns exemplos de boas práticas. Nomeadamente o Senegal onde, "no combate à erosão, se plantam árvores para controlar a direção e a velocidade do vento". Kellner destaca também a África do Sul, país em que a sua organização ensina pessoas "a plantar algumas culturas que estão mais adaptadas a condições de seca".
O trabalho da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação centra-se desde há 17 anos nas terras secas do planeta. Estas, correspondem a 41% da superfície da Terra e são ocupadas por 1/3 da população mundial. A desertificação e degradação dos solos representam uma perda anual de receitas de 42 milhões de dólares.
Autor: Glória Sousa
Revisão: Carla Fernandes/ António Rocha