Deslocados moçambicanos em condições precárias
14 de maio de 2020Os ataques protagonizados por insurgentes nos distritos do norte de Cabo Delgado, obrigaram já várias famílias a abandonar as suas casas e campos de cultivo para se refugiar em terras seguras. Uma das regiões preferidas pelos deslocados é a vila sede do posto administrativo de Namialo, no distrito de Meconta, na província nortenha de Nampula.
Apesar de se sentirem seguros aqui, os refugiados enfrentam muitas dificuldades. Maita Toshi diz que está satisfeito com o amparo das que tem recebido em Namialo. "Agrademos muito ao governo daqui [Nampula]. Fomos bem recebidos". No entanto, diz, persistem os problemas: "Estamos a sofrer para ter acesso a locais para dormir. Pedimos emprestadas esteiras, não temos cobertores e muito menos comida. Não temos redes mosquiteiras e somos picados", disse o deslocado à DW África. Há casos em que vinte pessoas têm que partilhar uma casa.
Pedido de ajuda
Maita Toshi lança um apelo às autoridades. "Estamos a pedir ao Governo que encontre outro sítio para nos alojar, porque lá [em Cabo Delgado] a guerra ainda continua, todas as casas já queimaram",disse.
No total chegaram a Namialo cerca de 300 deslocados das aldeias de Mocímboa da Praia, Muidumbi e Mueda. Adelina Mucala, chefe do posto administrativo da vila sede do posto admnistrativo, receia que número de cidadãos que necessitam de amparo na região aumente.
"Todos os dias recebemos novos compatriotas". Mucala diz que estão a ser envidados esforços para prestar apoio aos deslocados. "Já fizemos um peditório aos nossos agentes económicos e aguardamos resposta. Acreditamos que eles vão responder", disse à DW África.
Autoridades prometem fim dos ataques
Num encontro com os deslocados, o Secretário de Estado da província de Nampula, Mety Gondola, garantiu que o Governo moçambicano está a trabalhar para pôr fim aos ataques. Mas enquanto o trabalho não termina "nós vamos ter que vos receber como irmãos. Vamos ter de encontrar uma forma de cada um partilhar o pouco que tem", disse, acrescentando: "Nós vamos nos esforçar para ver como é que podemos arranjar uma forma de vos apoiar".
Os ataques armados em Cabo Delgado começaram em outubro de 2017, e até hoje custaram a vida a 500 pessoas. Mais de 160 mil pessoas foram afetadas de alguma forma pela violência, segundo dados oficiais.