Desmoronamento em mina ilegal provoca mortes em Moçambique
26 de fevereiro de 2019A última segunda-feira (26.02.) foi um dia sombrio em Namanhumbir, no interior da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Treze pessoas ficaram soterradas numa mina ilegal de rubis. A polícia contabiliza pelo menos nove mortos. Um garimpeiro foi resgatado com vida e está a receber tratamento médico no hospital de Montepuez.
Augusto José Guta, o porta-voz do comando provincial da polícia em Cabo Delgado, conta que o garimpo é ilegal.
"Aquelas covas poderiam ter no mínimo cinco metros de profundidade e quando os garimpeiros entram nessas covas, vão criando outras fendas para além daquelas iniciais. Essas escavações, que vão sendo feitas nas laterais, não vão tendo consistência e porque estamos numa época chuvosa, a terra acabou cedendo e causou essa tragédia”, explica.
A operação de resgate durou o dia todo e só foi interrompida à noite devido à escuridão e às condições climatéricas locais. Segundo a polícia, as buscas foram retomadas esta terça-feira (26.02.) com vista ao salvamento de possíveis vítimas.
Mineradora acusa o governo
A área onde ocorreu o incidente pertence à mineradora Montepuez Ruby Mining, do grupo Gemfields. Reagindo ao incidente, a empresa acusou o Executivo moçambicano de fazer vista grossa à onda de garimpo ilegal.
Em comunicado, a mineradora diz que os compradores ilegais têm a capacidade de entrar e sair do país, principalmente através do Aeroporto Internacional de Pemba, muitas vezes sem a documentação requerida, pagando subornos a elementos das autoridades.
Perante as acusações de inércia das autoridades face ao garimpo ilegal em Namanhumbir, o porta-voz Augusto Guta reagiu. "Redobramos os nossos esforços com vista a que essa atividade de uma forma ilegal não ocorra. O garimpo é importante, mas para que possamos fazer, é necessário que estejamos em associações. Essas associações são permitidas porque elas têm um modo de ser e estar e nesse modo, naturalmente, que essas regras de segurança vão sendo acauteladas.
Numa entrevista concedida à televisão privada STV, o inspetor-geral do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Obede Matine, corroborou com a tese segundo a qual o deslizamento de terras tenha sido resultado da profundidade da mina.