Detenções "mancham" visita de João Lourenço a Cabinda
22 de abril de 2022A visita de João Lourenço a Cabinda chegou a estar agendada para agosto do ano passado, mas foi cancelada, sem serem divulgadas, na altura, as razões. Acontece agora, sob pressão de movimentos separatistas da região.
Militares nas ruas, restrições à circulação, com perímetro de segurança alargado, mas também detenções, denunciam a presença do chefe de Estado na província.
Segundo o secretário executivo da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) em Cabinda, Daniel Nguimbi, nove pessoas foram detidas, entre ativistas e dirigentes da coligação, na noite de quarta-feira (19.04). Nguimbi acusa a Polícia Nacional de violar a lei.
O grupo de ativistas e alguns dirigentes da CASA-CE colocavam algumas bandeiras na via pública, visando a visita do presidente da Coligação a Cabinda. A polícia reteve estes elementos e removeu as bandeiras já fixadas.
"São situações da ditadura"
O secretário nacional para a Mobilização da CASA-CE, Nadilson Paim, explica que os membros da coligação pediram à Polícia Nacional que apresentassem um mandado de captura, mas tal não aconteceu.
”No momento, eles pediram aos polícias para que mostrassem qual é a lei que diz que um partido quando coloca a sua bandeira e outro partido já não pode, daí, eles compreenderam com arrogância essa réplica", conta.
Paim afima que as detenções estão a manchar a visita do Presidente da República. ”Pode de algum modo manchar a estadia do Presidente aqui,. Pnto, denunciamos e apelamos às autoridades competentes de modo a restituir a liberdade dos nossos cidadãos que nunca deviam ter sido detidos, por se tratar de um direito fundamental", apela.
O ativista Maurício Ngimbi não tem dúvidas: "São situações da ditadura".
Colocar bandeiras não é crime
Numa nota de repúdio publicada, a CASA-CE sublinha não se tratar de crime, nem violação de normas administrativas, a colocação, na via pública, de bandeiras de partidos ou coligação de partidos políticos, em período de pré-campanha eleitoral.
Em declarações à DW África, a polícia local – que não aceitou gravar entrevista -, alega que as detenções aconteceram por prevenção, como forma de evitar confrontos entre militantes das diferentes formações políticas. E prometeu a libertação dos detidos "a qualquer momento".
Para esta sexta-feira (22.04) está prevista a inauguração, pelo Presidente da República, do Terminal Marítimo de Passageiros. João Lourenço deverá ainda deslocar-se ao campo de Malongo para visitar a construção de uma plataforma petrolífera.
Já no sábado (23.04), o também presidente do MPLA, o partido no poder em Angola, preside a um comício em Cabinda que marca o lançamento da pré-campanha eleitoral.