Dhlakama espera que Trump apoie democracia em África
9 de novembro de 2016Depois da vitória de Donald Trump nesta quarta-feira (09.11.), a DW África conversou com o presidente do maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, Afonso Dhlakama.
DW África: O que espera da presidência de Donald Trump relativamente ao continente africano e mais concretamente a Moçambique?
Afonso Dhlakama (AD): Vai depender da política externa dos republicanos. Sabe que a tradição dos americanos não difere muito entre democratas e republicanos, sobretudo quando se trata de África. Mas gostaria que Donald Trump fosse mais honesto para com o continente africano, porque continuamos com problemas de falta de democracia. Como líder mundial, o Presidente dos Estados Unidos da América, deve incentivar os líderes africanos a aceitarem a democracia própria e não aquela tradição de pensar que a democracia é para os americanos e os europeus. A democracia não tem cor nem raça, ela é democracia. Gostaria que o novo Presidente, o republicano, tomasse em consideração a ideia de apoiar, de facto, a democracia no continente africano e em particular no meu país que vive problemas de guerra.
DW África: Relativamente ao radicalismo que carateriza Donald Trump, por exemplo o racismo e a xenofobia, não recia que isso venha a prejudicar o continente africano?
AD: Eu acho que não, temos de ver bem. Por exemplo, nós tivemos aqui perto o regime do Apartheid que foi condenado por todo o mundo, mas nunca chegou a expandir-se e a influenciar o mundo ou os países vizinhos. Portanto, esse radicalismo pode ser um problema pessoal, mas não restam dúvidas que Trump representa um país poderoso, mais rico, mais forte do mundo, se não mesmo a superpotência mundial.
Acho que essas pequenas coisas (racismo, xenofobia...) podem manchar a imagem dele, mas penso que isso não vai ter muito peso, porque o que nós precisamos é que a América como um país forte não se pode limitar a ir atacar o Iraque esquecendo-se dos amigos africanos que precisam da democracia e do desenvolvimento sobretudo dos direitos humanos que os americanos tanto elogiam e defendem.