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Diálogo entre RENAMO e Governo não sai do pára-arranca

Romeu da Silva (Maputo)13 de maio de 2013

Em Moçambique, não houve avanços nas novas negociações entre o executivo e o maior partido da oposição para sair da crise política no país. Em causa, questões prévias que a RENAMO quer ver respondidas por escrito.

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Nova ronda negocial em Maputo entre Governo e RENAMO não produziu resultadosFoto: DW/G. Sousa

Esta segunda-feira (13.05), as novas negociações entre o Governo e a RENAMO não produziram resultados.

Desta vez, o pomo da discórdia prende-se com a falta de resposta às “questões prévias” apresentadas pelo maior partido da oposição na primeira ronda de conversações, no início de maio.

A RENAMO tinha exigido a libertação dos 15 ex-guerrilheiros que foram presos na sequência de uma intervenção da polícia na sede do partido em Muxungué. Além disso, o partido pedia a retirada da polícia em Gorongosa, província central de Sofala, onde está o líder da RENAMO, Afonso Dlhakama, e exigia ainda a presença de facilitadores nacionais e internacionais.

Afonso Dlhkama, Präsident der RENAMO
Líder da RENAMO, Afonso DlhakamaFoto: Ismael Miquidade

O chefe da delegação da RENAMO, Saimon Macuiane, pede agora uma resposta do Governo, por escrito, tendo em conta que as questões prévias também foram apresentadas por escrito.

"Nós aguardamos a qualquer momento que o Governo possa dar essas respostas para permitir que, nos trabalhos, se possam dar passos importantes para corresponder às expectativas de todo o povo moçambicano no que diz respeito à efetivação da democracia no nosso país, à estabilidade e à paz", disse Macuiane.

O chefe da delegação do Governo, José Pacheco, prometeu responder às questões prévias por escrito o mais breve possível "para o diálogo continuar". No entanto, ficou por agendar uma nova ronda negocial.

Deserções na REMAMO

Wahlplakat RENAMO - Afonso Dhlakama
Dezenas de membros da RENAMO desertaram pois o partido tenciona boicotar as eleiçõesFoto: Gerald Henzinger

Estas conversações acontecem numa altura em que 67 membros da RENAMO desertaram do partido por este não pretender participar nas eleições autárquicas e gerais. A RENAMO ameaçou inviabilizar ambos os escrutínios neste e no próximo ano caso não seja atendida a sua exigência de participar em igualdade numérica com a FRELIMO, o partido no poder, na Comissão Nacional de Eleições.

Para o analista político, Isac Guilengue, as deserções na RENAMO estão a criar desestabilização dentro do partido. Além disso, Guilengue alerta: "Não podemos esquecer que a RENAMO é um partido da oposição e que a sua retirada do campo político vai ter influência no curso das eleições assim como no funcionamento do organismo político nacional."

O analista diz ainda que dentro da RENAMO há falta de adaptação a um contexto moderno de novas exigências político-democráticas.

"Temos uma RENAMO dirigida por Afonso Dlhakama que, desde há muito tempo, tem uma forma de atuação específica ligada, parcialmente, à ditadura interna", disse. "E temos um contexto moçambicano que vai sendo influenciado por programas políticos de outros países, pela cooperação, que exige uma adaptação contínua dos partidos. Mas a RENAMO resiste a esta necessidade."

Isac Guilengue ressalva, no entanto, que no seio da RENAMO "há membros conscientes e capazes de fazer frente a estas necessidades", algo que cria uma contradição interna.

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