Carlos Gomes Júnior disponível para falar com a justiça
10 de julho de 2019O chefe do Governo da Guiné-Bissau, entre 2009 e 2012, Carlos Gomes Jr. garantiu, esta quarta-feira (10.07.), estar disponível para colaborar com a justiça no caso do alegado desvio dos 12 milhões de dólares (cerca de 10,68 milhões de euros) oferecidos à Guiné-Bissau por Angola, em 2011, quando liderava o executivo guineense.
Gomes Júnior, respondia assim às declarações feitas por José Mário Vaz numa entrevista concedida à RTP e à Lusa na passada segunda-feira (08.07.).
Recorde-se, que em 2013 o Presidente José Mário Vaz, então ministro das Finanças no Governo chefiado por Carlos Gomes Júnior, foi detido por suposto desvio de 12 milhões de dólares, um apoio do governo angolano ao Orçamento Geral de Estado (OGE) da Guiné-Bissau, no quadro da cooperação entre os dois países. Na entrevista, José Mário Vaz argumentou que o montante foi utilizado para satisfazer as necessidades do país naquela altura.
MP deve investigar o casoJosé Mário Vaz, cujo mandato terminou a 23 de junho deste ano, desafiou o Ministério Público (MP) guineense a investigar o caso, já que, segundo disse, todos os "protagonistas" estão no país, incluindo o antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
Interpelado, esta quarta-feira, pelos jornalistas, em Bissau, à margem de um encontro com o Movimento que o apoia, para uma eventual candidatura às eleições presidenciais de 24 de novembro próximo, Carlos Gomes Júnior disse, numa curta declaração que está disponível para dar esclarecimentos sobre o caso.
"Sou sempre homem da paz e faço confiança na justiça guineense. Portanto, estamos prontos e não há nenhum problema".
No caso dos 12 milhões de dólares, José Mário Vaz foi o único detido, em 2013, durante 72 horas e acusado, formalmente pela justiça guineense, para averiguações relacionado com o alegado desaparecimento do dinheiro. Na altura era ministro das Finanças no governo liderado por Carlos Gomes Júnior. O processo ainda aguarda julgamento.
Imunidade do Presidente da RepúblicaOuvido pela DW África, o jurista guineense, Luís Peti, disse que a justiça deve agir, mas há um condicionalismo:
"O Presidente cessante continua a ser Presidente da República. Está ainda coberto pela imunidade enquanto Presidente da República, o que significa que não pode ser chamado de imediato a um julgamento. Tem que se esperar que cesse as funções, porque sabemos que o seu mandato foi prorrogado até as eleições presidenciais".
No caso, conhecido na Guiné-Bissau, como "Dinheiro de Angola", José Mário Vaz continua a dizer que está inocente e que a acusação foi "um ajuste de contas" que lhe deixou profundamente magoado porque não é possível o ministro das Finanças ter roubado 12 milhões de dólares na presença da secretária de Estado do Orçamento, do ex-secretário de Estado do Tesouro, do primeiro-ministro e da filha do primeiro-ministro que trabalhava no banco onde estavam depositados os 12 milhões e em que o primeiro-ministro era acionista", salientou.