Dirigentes angolanos lucram com o processo eleitoral, acredita ativista
7 de agosto de 2012Três dirigentes do governo angolano são suspeitos de lucrar com o processo eleitoral, marcado para o final de agosto. Pelo menos é o que denuncia o blog anticorrupção "Maka Angola", na internet: "A eleição de 31 de Agosto é um verdadeiro negócio para a elite política angolana", publica o blog.
Segundo o jornalista e ativista angolano Rafael Marques, responsável pela página em questão na internet, estão envolvidos neste esquema de corrupção dois ministros e um general: Helder Vieira Dias Júnior (Kopelipa), ministro de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência da República; Manuel Vicente, o ministro de Estado e da Coordenação Econômica e candidato à vice-presidente da República, pelo Movimento Popular de Libertação de Angola; e o general Leopoldino do Nascimento. Estes três estariam a envolver os seus negócios pessoais nas eleições gerais angolanas marcadas para o final do mês e a enriquecer de forma ilícita.
Repete-se o que aconteceu em 2008?
O caso citado acima é de ilegalidade, explica o diretor do blog: a empresa, da qual os três seriam sócios, segundo Marques, está a prestar serviços para as eleições, com o aluguel de aviões e helicópteros.
"Isso viola a lei eleitoral, porque os gestores públicos não devem fazer negócios com o Estado. E a Comissão Nacional Eleitoral é um órgão do Estado", esclarece Marques.
Em entrevista à DW África, o jornalista diz ainda que os três aviões que antes pertenciam a Sonangol foram privatizados em circunstâncias muito estranhas.
Em causa, explica ele, está a obtenção, sem concurso público, de um contrato pelo trio de dirigentes para alugar três aviões à Comissão Nacional Eleitoral.
Há quatros anos, nas eleições em 2008, "quem tomou conta praticamente de todo o processo logístico eleitoral e do transporte das urnas foi a Casa Militar, daí a fraude, do MPLA ter vencido o escrutínio com mais de 80% dos votos", explica o ativista.
Ainda de acordo com Marques, este é apenas mais um dos "truques" usados pelo MPLA na organização das eleições: "Não se justifica que um partido que tenha ganho com 81% dos votos precise, desta vez, de uma série de artifícios para organizar eleições, violando todas as leis possíveis, porque não conseguem lidar com a realidade", finaliza.
Os três dirigentes envolvidos no negócio, segundo Marques, estão conotados como os mais próximos do Presidente José Eduardo dos Santos.
Autora: Maria João Pinto
Edição: Bettina Riffel / António Rocha