Credit Suisse será julgado em setembro de 2023
5 de agosto de 2021O "Financial Times" publicou esta semana que a Suprema Corte em Londres julgará o Credit Suisse pelo seu papel no escândalo das dívidas ocultas em Moçambique em setembro de 2023. O jornal britânico cita "pessoas familiarizadas" com o tema e diz que o Credit Suisse se recusou a comentá-lo.
Após escutar argumentos ao longo de dois dias em julho sobre como avançar com o processo iniciado em 2019, o juiz Robin Knowles decidiu juntar a maioria das questões em causa numa mesma audiência, mas não havia definido a data.
As dívidas ocultas do Estado moçambicano de cerca de 2 mil milhões de euros foram contraídas entre 2013 e 2014, em forma de crédito junto aos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB, em nome das empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
O financiamento destinava-se à aquisição de barcos de pesca do atum e equipamento e serviços de segurança marítima fornecidos pelas empresas do grupo naval Privinvest.
"Esconderam o caso”
Segundo o jornal britânico, em 2019, Andrew Pearse, o antigo chefe de financiamento global do banco suíço, assim como os antigos banqueiros do Credit Suisse, Detelina Subeva e Surjan Singh, confessaram serem culpados de acusações apresentadas nos Estados Unidos por receberem subornos relacionados com a dívida. O Credit Suisse sempre disse que os três esconderam as transações à direcção do banco.
A Procuradoria-Geral da República de Moçambique alega que os empréstimos resultaram de pagamentos corruptos a altos funcionários moçambicanos, estando nomeados o antigo Presidente da República Armando Guebuza, o filho mais velho, Armando Ndambi Guebuza, o antigo ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, o antigo diretor de Inteligência Económica do SISE António Carlos do Rosário e o antigo diretor dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) Gregório Leão.
O "Financial Times" lembra que o caso a ser ouvido em Londres foi trazido por investidores relacionados aos empréstimos - incluindo o Banco Comercial Português e o United Bank for Africa. A ação é contra contra o Credit Suisse, Moçambique e uma empresa estatal que recebeu o financiamento.