Duas delegações internacionais em Bissau para mediar a crise
10 de fevereiro de 2016A delegação da Comunidade Económica dos Estado da África Ocidental (CEDEAO), chefiada por Olusegun Obasanjo e composta por mais 12 pessoas, reuniu-se com o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, assim como com o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, e com o Presidente da República, José Mário Vaz.
Trata-se da terceira visita do ex-Presidente nigeriano a Bissau desde que eclodiu a crise política e institucional, depois de o Presidente guineense ter demitido, em agosto de 2015, o Governo liderado por Domingos Simões Pereira.
Obasanjo reconhece que a situação política é delicada, mas espera encontrar uma solução antes de deixar Bissau - solução que o PAIGC reclama que deve ser encontrada por via judicial, disse o enviado da CEDEAO. "O presidente do PAIGC acha que a situação, como ela está atualmente, pode ser facilmente arbitrada pelos tribunais".
Em Bissau, acredita-se que a larga experiência do estadista nigeriano em matéria da resolução de conflitos no continente africano poderá contribuir para ultrapassar o impasse político que tem vindo a inviabilizar a administração e reorganização do país. Obasanjo disse que a comunidade internacional está preocupada com esta crise na Guiné-Bissau. Por isso, a crise terá que acabar. "Eu não sou um homem de Direito, mas o que eu posso dizer é o seguinte: Este tema jurídico deve ser tratado como um problema jurídico e não como um problema político. E é nesse sentido que poderei dar a minha ajuda".
PAIGC não recua na sua posição
Por sua vez, o PAIGC continua firme na sua posição de não voltar à mesa das negociações enquanto o Presidente da República não mudar o formato de reuniões, ou seja, enquanto os 15 deputados expulsos do partido continuarem a participar nos encontros.
O partido ausentou-se da quarta ronda negocial convocada por José Mário Vaz:
"Não quero enfatizar esse aspeto. Houve uma reunião da Comissão Permanente do bureau político que assumiu uma orientação em relação a essa questão", contou Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC. "Nós aguardamos que, de facto, o formato seja ajustado àquilo que é a representação das instituições, para podermos participar de forma correta e justa. Mas, por enquanto, ainda não recebemos qualquer resposta da Presidência".
Delegação da CPLP também em Bissau
Por outro lado, o secretário executivo da CPLP espera também encontrar-se com os intervenientes da crise política e criar pontes para um entendimento. Murade Murargy disse estar na Guiné-Bissau para procurar entender as divergências e ajudar a encontrar um acordo entre as partes.
A delegação da CPLP inicia os seus contactos com as autoridades nacionais da Guiné-Bissau nesta quinta-feira (11.02.).