Dívidas ocultas: Detido mais um suspeito em Moçambique
7 de março de 2019O empresário moçambicano do ramo da construção civil Fabião Mabunda é suspeito de ter recebido, através da sua empresa de construção civil, elevados montantes diretamente da empresa Privinvest, segundo fontes ligadas ao processo, citadas por diferentes órgãos de informação.
De acordo com fontes citadas pelo jornal O País, a Procuradoria-Geral da República acredita que a verdadeira beneficiária do dinheiro seria Ângela Leão, esposa do arguido Gregório Leão, que terá aplicado parte dos subornos na compra de casas.
Segundo a Carta de Moçambique, que cita fonte próxima do arguido, Fabião Mabunda foi detido no seu escritório, em Maputo.
A detenção de Fábio Mabunda, anunciada na quarta-feira (06.03), acontece dois dias depois de o arguido ter faltado a uma acareação promovida pela Procuradoria-Geral da República moçambicana.
A agência de notícias Lusa contactou a Procuradoria, que prometeu um pronunciamento para as próximas 24 horas.
Outros detidos em Moçambique
Desde a detenção do ex-ministro das Finanças de Moçambique, de Manuel Chang, a 29 de dezembro, na África do Sul, à luz de um mandado internacional de captura emitido pelos Estados Unidos, a Justiça moçambicana decretou a prisão preventiva para dez dos 21 arguidos no âmbito da investigação ao caso das dívidas ocultas do Estado.
Em prisão preventiva estão António do Rosário, administrador-delegado das três empresas públicas no centro do escândalo (Ematum, Proindicus e MAM), Gregório Leão, ex-diretor do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), a "secreta" moçambicana, Bruno Tandade, operativo daquele serviço de informações, Inês Moiane, secretária pessoal de Armando Guebuza - Presidente da República quando o Estado avalizou secretamente os empréstimos.
Além destes, estão detidos também Teófilo Nhangumele, alegado promotor junto de Moçambique da ideia de criar as empresas e contratar o financiamento; e Ndambi Guebuza, filho do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza.
Estas detenções são as primeiras feitas pela Justiça moçambicana após três anos e meio de investigação, numa altura em que os Estados Unidos e Moçambique pedem a extradição, à África do Sul, do ex-ministro das Finanças.
A acusação norte-americana contém correspondência e documentos que a levam a concluir que três empresas públicas moçambicanas de pesca e segurança marítima terão servido para um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento de vários suspeitos, passando por contas bancárias dos EUA.
Em 2016, a revelação de que o Estado tinha dado garantias escondidas a empréstimos que ascendiam a dois mil milhões de dólares (cerca de 1,750 mil milhões de euros, ao câmbio atual) levou à suspensão de vários apoios internacionais, contribuindo para a degradação das perspetivas económicas do país.