Egito, Somália e África do Sul em destaque na imprensa alemã
No norte de África, o Egito em ebulição coloca o Ocidente perante um dilema, escreve o semanário alemão Die Zeit. Se aprova o golpe contra o Presidente eleito, Mohamed Morsi, porque dessa forma os militares evitaram que a ira popular atingisse o Governo islamita, isso significa que só leva as eleições a sério quando o resultado é o que lhe convém. Se condena o golpe, trai os milhões de egípcios que saem às ruas e que agora são ainda mais numerosos do que na altura em que Mubarak foi derrubado.
Segundo o jornal, o argumento dos ocidentais é o seguinte: Mohamed Morsi foi eleito democraticamente, mas governou de forma antidemocrática. O golpe abriu caminho para novas oportunidades, escreve ainda o periódico. Foram anunciados um referendo constitucional, eleições parlamentares e eleições presidenciais, mas ninguém pode ainda prever se serão justas e pacíficas.
O jornal Die Welt considera que o Egito está num impasse. O país está tão dividido que parece praticamente ingovernável. Para o Handelsblatt, jornal alemão especializado em comércio e economia, o Egito está actualmente nas mãos de uma ditadura militar, tal como aconteceu durante 60 anos. A nomeação do economista Hazem Beblawi como primeiro-ministro não muda nada, lê-se ainda no mesmo periódico.
Formação alemã de soldados somalis
A formação de soldados somalis pelo exército alemão voltou esta semana às páginas dos jornais. Este treino, que faz parte do quadro da missão da União Europeia (UE) para o país, ocorreu até ao momento no Uganda e a Alemanha parece não ter pressa de continuá-la na Somália.
Como observa o Tagesspiegel, de Berlim, onze militares alemães encontram-se atualmente no Uganda. No entanto, com a aproximação das eleições na Alemanha, agendadas para 22 de setembro, Berlim prefere ignorar a mudança para a Somália da missão de formação. De acordo com uma decisão da UE, o novo centro de formação foi inaugurado em Mogadíscio em Maio, na presença de soldados finlandeses, italianos, irlandeses, espanhóis e britânicos. Na cerimónia não participaram militares alemães, suecos e holandeses, recorda o jornal.
O diário Die Welt observa que a missão de formação, que começou em 2010, está a começar a dar frutos. Mogadíscio está sob o controle das tropas do Governo somali Há mais de um ano. Ao lado dos soldados da União Africana (UAA), os soldados somalis também ganharam mais terreno fora de Mogadíscio. Até ao final do ano, deverão estar formados 3.300 soldados somalis que irão fazer parte do núcleo das Forças Armadas da Somália.
O dilema do Mali
As Forças Armadas Alemãs ("Bundeswehr") também estão presentes no Mali para treinar soldados. E com a aproximação das eleições presidenciais no dia 28 de julho, a imprensa lança agora um olhar em direção ao país africano. O semanário Der Freitag escreve que o Mali não precisa do exército francês para a sua unidade territorial e estadual, mas sim de um novo sistema económico e de uma sociedade civil forte.
A contradição entre as pretensões do Governo central e os interesses da população local revelam o dilema do Mali, considera o jornal. Para os habitantes de Kidal, no norte do Mali, não existem hospitais em funcionamento ou sistemas de ensino adaptados às necessidades da maioria Tuareg. Para mudar isso, seria necessário explorar as reservas de matérias-primas e vendê-las no mercado mundial.
Massacre de rinocerontes
O rinoceronte é um animal popular e não apenas entre os turistas e colecionadores de troféus, mas também junto de doentes e pessoas que acreditam em milagres, escreve o jornal die tageszeitung. Por esse motivo, a caça ilegal de rinocerontes tem aumentado dramaticamente na África do Sul, país que, segundo a organização de conservação da natureza WWF, tem a maior população de rinocerontes do continente africano e quase 75% dos rinocerontes em todo o mundo.
Até junho último, foram mortos ilegalmente 461 rinocerontes, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente divulgados em Joanesburgo. Os rinocerontes são mortos por causa dos seus chifres, que são muito valorizados no sudeste da Ásia, especialmente no Vietname e na China, explica o diário.
Por causa do aumento da caça furtiva, o Governo sul-africano está a considerar legalizar o comércio de chifres, proibido internacionalmente desde 1977. Uma ideia já criticada por várias organizações de conservação da vida selvagem e da natureza.