Eldoret, no Quénia, é "Eldorado" para corredores do mundo todo
27 de julho de 2012
São cinco horas da manhã e ainda está escuro. Em frente a uma escola no planalto queniano, reúne-se um grupo de cinco jovens em roupas esportivas. Para eles, está na hora do primeiro treino. "Eu corro durante uma hora. Das 5h ás 6h. Todos os dias de segunda a sexta-feira", diz Jonathan Kiptum à DW África, durante a fase de treinamento que preparou os atletas do país oriental africano para os Jogos Olímpicos de Londres, que começam oficialmente esta sexta-feira (27.07).
Kiptum costuma ir a uma escola para corredores talentosos em Eldoret. A cidade é o lar de muitos campeões olímpicos e recordistas mundiais. Ambiciosos corredores de todo o mundo vêm até aqui na esperança de obter o máximo desempenho.
Fora isso, a região não têm muito a oferecer. Grande parte da população vive da agricultura. E mesmo que o milho nos campos cresça bastante – os fazendeiros não ficam ricos. Pelo contrário, diz o comissário desportivo de Eldoret, George Obumba: "Cada um procura uma forma de sair da pobreza. A economia está em frangalhos. O poder aquisitivo é muito baixo", descreve.
Mesmo assim, lá estão os corredores, que vencem prêmios milionários por todas as partes do mundo e voltam para casa para construir casas amplas e dirigir carros de luxo pela cidade. Obumba afirma que a presença desses atletas é um estímulo para muitos: "Você está cercado de atletas bem-sucedidos, que levam uma vida boa. Eles ganham muito dinheiro".
Em outros lugares os jovens sonham em se tornar jogadores de futebol. Mas aqui o herói não é o nacional português Cristiano Ronaldo, e sim Kipchoge Keino. Ele fundou a escola para jovens corredores. Ele é uma lenda no Quênia. Kipkeino, como as pessoas o chamam, conquistou nos 3 mil e nos 5 mil metros, nos anos 1960, os primeiros recordes mundiais de um país africano. Para dar chance a outros talentos, ele construiu em Eldoret um centro de corrida, uma escola e um orfanato.
Sacrifícios de atleta
De manhã cedo as estradas ainda estão lamacentas na estação das chuvas. Ao lado de Jonathan, correm outros sete rapazes. Eles acabaram de sair da cama e precisam vencer o cansaço. Acordar cedo é sempre um grande esforço.
O sol se levanta lentamente. Depois de um tempo os corredores encontram seu ritmo. Eles conseguem trotar por muito tempo lado a lado. Mas em pouco tempo começa a aula. Jonathan e os outros precisam voltar. Aos 17 anos, o jovem é órfão. Seus pais morreram quando ele tinha sete anos de idade. Ele teve sorte de ser acolhido por um conhecido, que o "levou junto para cuidar de suas vacas. Depois de alguns meses eu disse a ele que queria voltar para a escola. E ele concordou. Eu pude usar o dinheiro que ganhei com o pastoreio das vacas para me inscrever na escola", conta.
A história de Jonathan se parece com a de muitos outros corredores no planalto queniano. A escola era longe. Todos os dias ele percorria muitos quilômetros para assistir à aula. Ele venceu um campeonato e foi para a escola de Kipkeino. Jonathan se especializou nas corridas de 800 e 1.500 metros. Em breve, ele participará dos Jogos Olímpicos: "É, talvez não nesta, mas quem sabe em 2016”, sonha.
Países lusófonos apostam no judo e no atletismo
Segundo a agência noticiosa Lusa, Angola terá a maior delegação da história nos Jogos Olímpicos de Londres – serão 29 mulheres e cinco homens. O atletismo está entre as modalidades em que atletas angolanos estão representados. Mas a grande esperança angolana parece estar nas mãos da judoca Antónia de Fátima "Faia". No último campeonato mundial, disputado em Bucareste, "Faia" ficou com o bronze na categoria -70 kg.
Angola também participa das Olimpíadas nas modalidades basquetebol e andebol feminino, natação, atletismo, canoagem e boxe. A seleção masculina de basquetebol – dez vezes campeã do continente africano – não conseguiu a classificação. Angola participa dos Jogos Olímpicos pela 8ª vez.
Entre os países de língua portuguesa, o Brasil também aposta no judô, com os atletas Leandro Guilheiro (-81 kg) – que já ganhou o bronze em 2008, em Pequim, e nas Olimpíadas de Atenas em 2004 – e Tiago Camilo (-90 kg).
Além do voleibol feminino e masculino, uma das modalidades favoritas do Brasil, o país busca um ouro inédito no futebol masculino. A delegação brasileira participa dos Jogos de Londres com 259 atletas em 32 modalidades.
Já Cabo Verde tem três desportistas representando o país em Londres: a judoca Adisângela Moniz, a primeira atleta cabo-verdiana a qualificar-se diretamente para Jogos Olímpicos; o corredor Rubem Sança (5 mil metros); e a corredora Lidiane Lopes, que participa das provas de 100 metros feminino.
A Guiné-Bissau, por sua vez, será representada por quatro atletas: na luta, por Augusto Midna (73 kg) e Jacira Mendonça (64 kg). No atletismo, Holder da Silva (100 m) e Graciela Martins (400 m).
Seis serão os atletas de Moçambique. As expectativas de uma medalha estão depositadas no atleta Kurt Couto na prova 100 m com barreiras. Também nesta modalidade, mas no feminino, participa Sylvia Panguene. Juliano Máquina será o representante moçambicano no pugilismo, Neuso Sigaúque o do judô e Chakil Camal (100 m livres) e Jéssica Vieira (50 e 100 m livres) são os nadadores moçambicanos em Londres.
De São Tomé e Príncipe, dois atletas se classificaram para os Jogos: Lecabela Quaresma (100 m barreiras) e Christopher Lima da Costa (100 m). De Timor Leste, dois maratonistas – Augusto Ramos e Juventina Napoleão – tentarão terminar a prova.
Autor: Antje Diekhans / Francis França / Renate Krieger (com Lusa)
Edição: António Rocha