“Ele que venha e viva por conta e risco” diz general da Guiné-Bissau
21 de janeiro de 2014A imprensa da Guiné-Bissau noticiou que forças militares teriam invadido a delegacia regional da ONU na localidade de Buba, no extremo Sul do país. Homens armados estariam atrás do antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, o “Cadogo”, deposto no golpe de Estado de 2012.
Os militares teriam informação de que ele estaria escondido no interior das instalações da ONU.
A notícia teria gerado mal-estar entre representantes das Nações Unidas e das Forças Armadas da Guiné-Bissau, conforme fontes da imprensa local. A delegação da ONU, no entanto, não querer abordar o assunto na imprensa, ressaltando que não tem qualquer reacção no momento e que o caso está a ser analisado pelos canais oficiais.
Falando à DW-Africa, o porta-voz do Estado Maior, General das Forças Armadas Dahaba Na Walna, nega que, em algum momento, militares invadiram a sede das Nações Unidas à procura de Carlos Gomes Júnior.
“Não foi autorizado pelo Estado Maior. Não me parece que seja possível que comandos regionais tomem decisão neste sentido. Estivemos em contato com serviços descontentes aqui das Forças Armadas que disseram não ter havido alguma [decisão de invasão]. Isso é contraproducente e não poderia ser uma prática do Estado Maior.”
Contraproducente
Dahaba Na Walna desmente também as informações postas a circular nos media guineenses de que militares tem controlado viaturas das delegações internacionais, inclusive do representante residente do secretário-geral da ONU, José Ramos Horta.
O ex-presidente do Timor Leste teria sido revistado em via pública por agentes da segurança do Estado.
“Nós já escrevemos uma carta ao representante oficial da ONU. Não voltarei a me pronunciar sobre esta questão. Carlos Gomes Júnior pode voltar como qualquer cidadão. É cidadão deste país. Ninguém tem o direito de viver neste país mais do que Carlos Gomes Júnior. Ele que venha”´, disse o general Walna a DW.
Em Abril de 2012, um golpe militar destituiu Carlos Gomes Júnior da chefia do govenro guineense. A mudança de curso na política do país ocorreu às vésperas do início da campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais.
Conforme fontes próximas a Cadogo, o ex-primeiro ministro pretende concorrer de novo às eleições gerais, marcadas para o próximo mês de Março.
Segurança privada
O grande problema, no entanto, é a garantia da integridade física do candidato. Já se questiona pelas ruas de Bissau o que pode ocorrer caso Cadogo regressar ao país.
Mais uma vez as forças armadas asseguram que ele não terá forças especiais para garantir a sua segurança.
“Ele que venha e viva por conta e risco como qualquer outro cidadão. Se ele tiver dinheiro para contratar um serviço de segurança privada, pode fazer isto. Mas um serviço especial de segurança do Estado, não.”
O anunciou do regresso de Carlos Gomes Júnior à Bissau causou um ambiente de desconfiança, medo e crispação no seio dos próprios apoiantes.
Aliás, por ser um tema tão delicado, muitos analistas preferem não falar sobre o assunto.