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Eleições autárquicas anuladas em Cuamba e Chókwè

DW (Deutsche Welle) | Conceição Matende | Carlos Matsinhe (Xai-Xai) | Lusa
16 de outubro de 2023

Tribunal Judicial de Cuamba, no Niassa, anuncia anulação da votação por "vício" que afeta resultados eleitorais. Já em Chókwè, na província de Gaza, Tribunal fala em "indícios da prática de ilícitos eleitorais".

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Eleições em Moçambique
Foto: Gianluigi Guercia/AFP

As eleições autárquicas, realizadas no passado dia 11 de outubro em Moçambique, foram anuladas, esta segunda-feira, em Cuamba, na província do Niassa, e em Chókwè, em Gaza.

Segundo o Tribunal Judicial de Cuamba, a anulação da votação foi decidida por "existir um vício que afeta o resultados das eleições", por mais de 6.000 eleitores terem sido "impedidos de votar". 

No acórdão, com data de 15 de outubro, o coletivo de juízes da segunda secção daquele tribunal diz ter analisado o recurso interposto pela RENAMO, que alegou ter cadernos eleitorais idênticos ao do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), mas diferentes dos da FRELIMO e do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, estes iguais entre si. 

Segundo matéria dada como provada, foram impedidos de votar naquele município eleitores, recenseados e com cartão de eleitor, que não constavam das listas das mesas, contrariando a indicação que tinha sido dado pelos órgãos centrais, para estes casos, e que também não foram aceites reclamações desses eleitores. 

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Em reação, a RENAMO em Cuamba diz que esta é uma decisão que evita conflitos entre partidos políticos. De acordo com Adelino Paissone, delegado político do maior partido da oposição moçambicana em Cuamba, esta é uma decisão que mostra que a Justiça moçambicana é "confiável".

RENAMO satisfeita

Já em Chókwè, o documento a que a DW teve acesso do Tribunal Judicial do Distrito em causa explica que "há indícios de prática de atos passíveis de configurar ilícitos eleitorais". O recurso de contencioso eleitoral foi interposto pelo partido Nova Democracia.

Segundo o acórdão, o tribunal "decide declarar inválidos todos os atos praticados, porque [foi] comprovado que a CDE [Comissão Distrital de Eleições] não emitiu credenciais a favor do requerente [o partido Nova Democracia], impedindo-o de exercer a fiscalização da votação no dia 11.10.2023 em todas as mesas do distrito". O Tribunal decidiu ainda "ordenar a credenciação dos delegados de candidatura do recorrente e a repetição do escrutínio". 

A RENAMO em Gaza diz que esta decisão de anulação das eleições em Chókwè abre espaço para que se perceba a relevância da anulação da votação em todo o país. Também o MDM defende posição semelhante.

Já a FRELIMO considera que é cedo para se pronunciar sobre o assunto. À DW, o presidente da Comissão Provincial de Eleições, Bernardino Macome, disse que ainda não tem informação oficial sobre a anulação da eleição.

Contestação

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo STAE nos últimos dias sobre 50 autarquias, a FRELIMO venceu em 49 e o MDM na Beira.

Os resultados têm estado a ser muito criticados pela oposição, nomeadamente, a RENAMO, que já saiu à rua, esta segunda-feira, para os contestar.

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Também em declarações, esta segunda-feira, o Consórcio "Mais Integridade" acusou a FRELIMO de manipular as eleições autárquicas, denunciando fraude generalizada. Os observadores da coligação registaram adulterações nos editais, uso excessivo da força e falta de transparência. 

A RENAMO convocou manifestações nacionais, a partir desta terça-feira (17.10), para contestar os resultados do escrutínio.

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