Partidos apostam fortemente na fiscalização eleitoral
13 de setembro de 2019Em processos eleitorais anteriores, incluindo as eleições autárquicas do ano passado, a RENAMO não conseguiu recrutar delegados de listas, nem cidadãos para integrar as mesas de votação.
Mouzinho Gondorujo, cabeça de lista da RENAMO para eleição da Assembleia provincial, afirma que as pessoas eram intimidadas, aliciadas para desistirem da supervisão e, por vezes, detidas sem justa causa.
Mas agora, ele nota, no seio dos cidadãos, o elevar da consciência política e o cansaço pela governação que não responde aos anseios da população, em particular dos jovens."Todos os distritos extrapolaram o recrutamento dos "mmvs" (membros das mesas de votação), caso que não aconteceu no escrutínio passado. [Isto] já é um passo para evitar que aqueles eleitores que são fantasma possam ter direito a voto quando não tivermos a nossa representação na mesa. O que vai acontecer, obviamente, é [o] enchimento das urnas com todo este aparato de organização. Pensamos que vamos evitar o pior ".
Fiscalização pela sociedade civil
Gondorujo acrescenta ainda que a sociedade civil deve fazer parte da fiscalização eleitoral, não deixando apenas sob responsabilidade da RENAMO.
O Delegado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Arquerdino Mavie, diz que o seu partido já submeteu a lista de representação nas mesas de voto e que estão a fazer um trabalho psicológico com os membros, apesar de reconhecer as dificuldades decorrentes da intimidação e aliciamento.
"Desta vez por mais que tragam sacos de dinheiro para aliciar os nossos delegados de candidatura, não vai ser possível. Estamos a prepara-los psicologicamente para que eles vão às mesas de votação a saber o que é que estão lá a defender, que não pode apenas estar a pensar no próprio umbigo, mas sim na vida difícil que os moçambicanos estão a enfrentar. "
Dados estatísticos
Entretanto, dados estatísticos publicados pelo Centro de Integridade pública (CIP) - em análise feita pelo estatístico Wim Neeleman - indicam que, o número de assembleias de voto em Gaza duplicou. Para as eleições de 15 de outubro, o número de assembleias de voto em Gaza aumentou 81% desde 2014. Muito mais do que o aumento da população nos últimos cinco anos.
Seis províncias aumentaram de 15 a 20%, de acordo com o aumento da população observado no censo de 2017. A província de Maputo mostra um aumento de 34%, de acordo com o censo, refletindo a grande migração para a Matola. A cidade de Maputo mostra uma queda de 1%, novamente de acordo com o censo.
E somente Gaza mostra um aumento enorme e impossível no número de assembleias de voto, não-alinhado com o censo da população. Também foi observado que mais de 10.000 eleitores foram removidos do registo na Zambézia e outros 2.000 foram adicionados ao já inflado rol de Gaza.