Angela Merkel vence debate crucial contra Martin Schulz
4 de setembro de 2017Angela Merkel venceu o único debate televisivo entre os dois principais candidatos à chancelaria alemã, realizado no domingo, dia 3 de setembro. A chanceler alemã poderá consolidar a liderança na corrida eleitoral.
Segundo um inquérito realizado pela emissora pública ARD, 55% dos entrevistados consideraram que Merkel (CDU) foi mais convincente do que o candidato rival Martin Schulz (SPD). Outra sondagem, da emissora pública ZDF, apontava igualmente para a vitória da chanceler alemã, embora com uma margem menor (32% contra 29% de Schulz).
O debate foi transmitido pelos quatro principais canais de televisão alemães e acompanhado por cerca de 20 milhões de espetadores, e era visto como uma oportunidade para os candidatos convencerem muitos dos eleitores, mais de 40%, que ainda não sabem em quem votar nas eleições legislativas de 24 de setembro.
O debate ficou marcado por ataques pontuais de Schulz à liderança de Angela Merkel. O candidato do Partido Social Democrata (SPD) criticou, por exemplo, a forma como a chanceler alemã lidou com a crise dos refugiados em 2015. Segundo Schulz, Merkel devia ter envolvido mais os parceiros europeus na tomada de decisões.
"Teria sido melhor se se tivesse incluído os nossos vizinhos europeus", sublinhou Schulz.
Mas a candidata da União Democrata-Cristã (CDU) defendeu que era preciso agir rapidamente na altura, lembrando, por exemplo, que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, se recusou a cooperar.
"Foi uma situação dramática. Há alturas na vida de um chanceler em que é preciso agir", justificou Merkel.
Relações com Turquia em foco
Ambos os candidatos concordam com a manutenção de um acordo polémico entre a União Europeia e a Turquia para conter a imigração ilegal rumo à Europa, em troca de apoio financeiro aos refugiados sírios no país.
Mas tanto Merkel como Schulz dizem que é preciso pôr um ponto final nas negociações para a adesão da Turquia à União Europeia. As relações diplomáticas entre Berlim e Ancara agravaram-se após a detenção de vários cidadãos alemães no país, no âmbito de uma "purga" levada a cabo pelo Governo turco após uma tentativa de golpe de Estado, no ano passado.
"Ficou claro que a Turquia não se deve tornar membro da União Europeia", afirmou Merkel.
"Quando eu for chanceler, cancelarei as negociações de adesão", acrescentou Schulz.
Justiça social e reforma
Os candidatos estiveram menos em sintonia em questões de política interna. Schulz, que baseia a sua campanha no slogan "é tempo para ter mais justiça social", alertou que há muitos cidadãos que não beneficiam da prosperidade da Alemanha - incluindo mães ou pais solteiros, reformados e desempregados de longa duração.
Merkel recordou, no entanto, que ao longo dos seus 12 anos de governação, o número de desempregados baixou de 5 milhões para 2,5 milhões. E rejeitou que o seu partido queira aumentar a idade de reforma para os 70 anos. A chanceler promete que, se for reeleita, isso não acontecerá "com toda a certeza".
Schulz aplaudiu o posicionamento "muito claro" de Angela Merkel quanto a este assunto.
O candidato do SPD, que, segundo as últimas sondagens, está 14 pontos percentuais abaixo da coligação de Merkel nas intenções de voto, não afasta a hipótese de se voltar a coligar com a CDU e a União Social-Cristã (CSU) depois das eleições.
A chanceler alemã exclui, à partida, apenas duas forças políticas de uma futura coligação: o partido A Esquerda ("Die Linke") e o movimento populista anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD).