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Eleições em Angola: Lista da UNITA é alvo de críticas

23 de junho de 2022

Ex-membros do MPLA e alguns "revús" são os reforços da UNITA para as eleições gerais. Há quem critique o facto de os ativistas estarem em posição não elegível. Mas o Galo Negro considera inclusiva a lista da oposição.

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Foto: Simão Lelo/DW

Para além do número 1 Adalberto Costa Júnior  e do número 2 Abel Chivukuvuku, que volta a concorrer às eleições pela lista da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) através da plataforma política Frente Patriótica Unida (FPU), o Galo Negro propôs para cargos de deputados à Assembleia Nacional várias figuras da sociedade civil e da política angolana.

O empresário Francisco Viana, que renunciou os mais de 50 anos de militância do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) – partido no poder, ocupa a 18.ª oposição. Na lista também constam o professor angolano de Ciências Políticas Paulo Faria, o politólogo e analista político Olívio Nkilumbo e a empresária Irina Ferreira. 

Para Álvaro Chikwamanga Daniel, secretário-geral e mandatário da UNITA, a candidatura apresentada pelo Tribunal Constitucional poderá refletir a vitória da oposição em agosto. 

"Esta é uma candidatura de vitória, uma candidatura de inclusão, nela refletimos a vontade congregada dos angolanos operarem alternância", avalia. 

Angola Parlament
Várias figuras conhecidas da UNITA deixaram o lugar no Parlamento angolano para dar espaço à juventudeFoto: DW/B. Ndomba

Lista inclusiva?

Chikwamanga diz que a lista de candidatura demonstra uma certa transição de geração no partido dos maninhos. Por exemplo, o ex-presidente da UNITA, Isaías Samakuva, o político Lukamba Paulo Gato e outras figuras de renome preferiram deixar o lugar no Parlamento para dar espaço à juventude. 

Já o jornalista José Gama diz que na lista da UNITA faltou a inclusão das mulheres, "faltou mais em termo de inclusão social".

"A UNITA, se compararmos com as listas à do MPLA, não preencheu os 36% das quotas para as mulheres. Há uma quota universal que não se encontra, porque nem sequer conseguiram (atingir) os 30%. Ao nível do círculo nacional sobre aquilo que circula, são cerca de 26%. Portanto, a UNITA neste aspeto poderia ter feito mais", considera Gama.

"Faltou a inclusão de mais pessoas portadoras de deficiência física e algumas pessoas portadoras de albinismo", continua José Gama.

"Temos o caso do deputado Manuel Savihemba, que está no Parlamento desde 1992, mas, mesmo assim, a lista não traz renovação neste aspeto. E Savihemba está numa posição de suplente que garantidamente não poderá fazer parte da casa das leis", sublinha o jornalista angolano alertando que "seria necessário que as minorias estivessem nestas listas para serem elas próprias estarem no Parlamento para debater questões que só elas próprias entendem.

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Candidatura de "revús"

Mas uma das grandes surpresas na lista da UNITA tem a ver com a presença de ativistas que dão rostos aos protestos de rua em Angola, como no caso de Dito Dali e Hitler Samussuco, dois integrantes do caso 15 + 2.

Destacam-se também o presidente do movimento cívico União dos Povos de Angola (UPA), Pedrowski Teka, e o ativista e investigador social Nuno Dala, que entra na corrida eleitoral por intermédio do PRA-JA Servir Angola, projeto político liderado por Abel Chivukuvuku. 

Para o ativista e historiador Donito Carlos, os "revús" não foram bem incluídos por não estarem em posições elegíveis na lista. 

"Se tens a ideia de agregar valores pesados, valores políticos, valores intelectuais, e que estes ‘revús', como o Hitler, o Dito e o Pedro (Pedrowski) e outros que lá estão, são de facto pessoas com estas valências e não podem ser colocados na posição 95 como o Dito está, na posição 83 como está o Hitler e 84 como o Pedro. Parece-me que houve aí pouca sapiência da parte de quem engendrou a inserção destas figuras", critica o historiador. 

Donito entende que jovens conhecidos como críticos do Governo do MPLA deveriam estar nos primeiros 30 lugares entre os candidatos a deputados nestas eleições. "Lá onde lhes puseram, é mesmo já uma forma de os excluir", conclui. 

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