Crianças querem suas prioridades no programas dos partidos
12 de setembro de 2019Nesta última quarta-feira (11.09) em Nampula algumas crianças apresentaram um manifesto com oito prioridades para a sua faixa etária, para que os partidos políticos concorrentes às eleições executem, em caso de vitória no dia 15 de outubro próximo.
Os três partidos, excepto a FRELIMO, partido no poder, que esteve ausente no encontro, receberam e comprometeram-se em cumprir ou forçar o Governo eleito na efetivação dessas prioridades.
O manifesto, elaborado em colaboração com a Visão Mundial, é composto por oito prioridades: educação, saúde, proteção social, meio ambientes, participação e voz da criança, educação moral e cívica, entretenimento e lazer e por último, alimentação e nutrição.
As prioridades das crianças
Frederico Manuel é representante da Plataforma Crianças Jovens com Visão e explicou que as crianças devem ser ouvidas e ter os seus direitos respeitados durante todo o ano.
‘‘Nós fizemos auscultação a diversificadas crianças do nosso país, em média de 25 escolas em todas as províncias do país no sentido de poder colher o máximo possível de informação", explica Frederico Manuel.
O representante da Plataforma Crianças Jovens com Visão salienta: "O nosso manifesto tem como objetivo assegurar que todos os partidos políticos ou governantes tomem a criança como prioridade de janeiro a janeiro. Muitas das vezes nós percebemos que só as crianças têm valor no mês de junho, de 1 a 16 (dia das comemorativas da criança), o que é feio. Nós como crianças sentimos os nossos direitos violados”.
Entretanto, os três partidos concorrentes, exepto a FRELIMO que boicotou o encontro sem explicação, saudaram a iniciativa e prometeram incorporar nos seus manifestos para executar e ou mesmo fazer cumprir ao partido que for a formar o Governo no próximo ano.
Alves António é mandatário provincial do partido AMUSI e começou primeiro por criticar o Governo pela falta de vontade em resolver os problemas das crianças. E António assegura que ‘‘o AMUSI tem esta vontade de velar sobre a vida das crianças assim que chegar ao poder. Não deixara de fora as crianças."
Crianças na campanha
Alzira António da RENAMO, maior partido da oposição, que lamenta o uso das crianças na campanha eleitoral, garantiu que caso o seu partido vença, os menores não serão usados como material político-partidário.
‘‘Sinto muito o que acontece no nosso país. Existem coisas que eu não consigo perceber. Quando o nosso Presidente chega [a um determinado lugar] todas as escolas fecham e todas as crianças são obrigadas a recebê-lo, ficando todo dia sem estudar", observa a membro da RENAMO que questiona: "Será que este problema só acontece aqui em Moçambique? Eu prometo, se o nosso partido vencer eleições, que vamos eliminar isso.''
Abdul Remane, representante do MDM, a segunda maior força da oposção, afirmou que a sua formação vai dar o seu apoio ao manifesto apresentado pelas crianças.
A Plataforma Crianças Jovens com Visão, uma organização que defende os direitos da criança em Moçambique, também condenou o uso de crianças em campanhas, por parte dos partidos políticos.